Manifestações em todo o país contra a revisão curricular,
lei de acesso ao superior e métodos de avaliação
Estudantes do secundário saíram à rua



Milhares de estudantes do ensino secundário comemoraram o Dia do Estudante com manifestações um pouco por todo o país. A contestação visa a anunciada revisão curricular, a lei de acesso ao superior e a falta de avaliação contínua.


Coimbra, Aveiro, Porto e Covilhã foram algumas cidades que serviram de palco às iniciativas de protesto dos alunos do secundário realizadas na sexta-feira, todas elas apoiadas pela JCP.
Em causa está a política educativa do Governo, em especial a revisão curricular anunciada pelo Ministério da Educação. Os alunos contestam não só o facto de não terem sido ouvidos no processo, mas também o seu conteúdo: o 13.º ano de escolaridade, as aulas de 90 minutos, o sistema de avaliação com provas de carácter eliminatório e a lei de acesso ao ensino superior.
Mas outras reivindicações são colocadas em cima da mesa: a introdução da educação sexual, o regime disciplinar, o diploma de autonomia e gestão das escolas e as más condições materiais e humanas do parque escolar.


Manifestações

Em Coimbra, 3500 estudantes manifestaram-se pelas ruas da cidade, com faixas, t-shirts e autocolantes protestando contra o estado da educação em Portugal. «Não havia necessidade de um ensino de desigualdade», «Numerus clausus é um muro, assim não há futuro» e «Reforma a reforma» foram algumas das palavras de ordem.
Na Direcção Regional de Ensino do Centro foi entregue um abaixo assinado com 3500 assinaturas, que critica a «proposta de provas eliminatórias feitas pelas universidades, com os seus próprios critérios, ainda por definir» e propõe a criação de um «novo sistema de acesso que harmonize as necessidades de desenvolvimento do país e as opções dos candidatos».
O Sindicato de Professores da Região Centro manifestou a sua solidariedade e apoio aos alunos, numa declaração aprovada por unanimidade pelos participantes no encontro distrital de educação que se realizava nesse dia.
No Porto, 300 alunos concentraram-se na Praça da Liberdade e participaram num desfile até ao Governo Civil.
Na Covilhã, realizou-se uma manifestação com cerca de uma centena de pessoas e um concerto que juntou 200 pessoas. Em Castelo Branco algumas dezenas de estudantes entregaram um abaixo-assinado com 600 assinaturas ao governador-civil.
Entretanto, anteontem, 700 estudantes das três escolas secundárias do concelho de Viseu formaram um cordão humano e desfilaram pelas ruas da cidade até ao Governo Civil, onde foram recebidos.


Braga

Numa nota à comunicação social, a JCP de Braga considera que a lei de acesso ao superior pretende apenas empurrar os estudantes para as universidades privadas, «impossibilitando os jovens de famílias economicamente mais débeis de prosseguir os estudos e fomentando o espírito de lucro nos muitos que fazem do ensino um negócio».
A JCP apela ainda aos estudantes que reflictam sobre os problemas do seu futuro e intervenham nas suas escolas para a conquista de melhores condições de aprendizagem e sucesso escolar.


«Avante!» Nº 1374 - 30.Março.2000