Sub-financiamento estrangula superior
«A aplicação da lei de financiamento do ensino superior tem provocado graves situações de sub-financiamento das instituições», acusa a Organização do ensino superior do Porto da JCP, reunida no fim-de-semana.
O dinheiro cobrado
aos alunos com as propinas é usado para custear as despesas
correntes, não sobrando fundos suficientes para o investimento e
para a melhoria da qualidade do ensino. A situação é de tal
forma grave que o próprio Conselho de Reitores já se manifestou
contra o actual estado de sub-financiamento.
Por outro lado, a JCP assinala que, se o estatuto de estudante
elegível for aplicado, as dotações orçamentais deixarão de
contemplar os alunos considerados não elegíveis. «As escolas
ficarão com os nó ainda mais apertado na garganta, além de
terem que arcar com a responsabilidade de solucionar a questão
dos alunos inelegíveis, através de prescrições,
regulamentação que obrigue os estudantes a pagar o seu curso ou
outras medidas», afirma.
A situação não é melhor no que respeita à acção social
escolar. Os serviços de apoio aos estudantes carenciados não
são suficientes e a divulgação dos que existem deixa muito a
desejar, impedindo o acesso de um elevado número de pessoas por
desconhecerem os seus direitos.
A JCP dá um exemplo: numa altura em que a cimeira europeia
definiu como prioritário o acesso às tecnologias da
informação, não há um único computador nas residências
universitárias do Porto.
Ensino particular
A acção social no ensino particular e cooperativo é ainda mais
precária. Apenas na semana passada foram divulgados os
resultados definitivos das candidaturas às bolsas de estudo.
Junte-se o alto valor de propinas a pagar, a inexistência de
residências e cantinas a preços sociais e percebe-se o enorme
esforço financeiro que os estudantes deste subsistema de ensino
e as suas famílias têm de fazer.
«Isto porque o Estado continua a não disponibilizar a oferta
suficiente de vagas para os candidatos ao ensino público,
atirando milhares de estudantes para o mundo do privado, onde a
educação é um negócio para dar lucro», defende a JCP.
O cúmulo do caricato acontece com o curso de serviço social que
não existe no ensino público, mesmo sendo o Estado o principal
empregador dos profissionais formados nesta área.