Firmeza e
confiança continuam a marcar
as iniciativas de comemoração do 79º aniversário do PCP
Almoço
em Évora reúne cerca de 300 pessoas
As comemorações do aniversário do PCP prosseguem um pouco por toda a parte. Assim aconteceu no passado fim de semana, em Évora e Torres Vedras, com a participação de Carlos Carvalhas.
Carlos Carvalhas,
secretário-geral do PCP aceitou o convite que lhe foi feito pela
Comissão Concelhia de Évora para participar num almoço
comemorativo do 79º aniversário do Partido, que se realizou
nesta cidade alentejana no sábado e que juntou num alegre
convívio cerca de 300 militantes e amigos do Partido Comunista
Português, o mais antigo partido político português, fundado
em 6 de Março de 1921. O almoço teve lugar no Parque Industrial
e Tecnológico de Évora, infraestrutura que demonstra o papel da
gestão autárquica CDU no desenvolvimento deste concelho.
Na mesa de honra estiveram presentes, para além do
secretário-geral do PCP, Raimundo Cabral, responsável dela
DOREV, Abílio Fernandes, presidente da Câmara Municipal,
Lucinda Cruz, operária e dirigente sindical da empresa
Tycos/Siemens, Clara Grácio, professora da Universidade de
Évora, José Lourido, estudante e Rui Salgado, também professor
da Universidade e a quem coube a intervenção de abertura, onde
salientou a importância do trabalho e intervenção do PCP, nos
planos social e político, assim como na gestão da maioria dos
órgãos autárquicos de Évora.
Carlos Carvalhas, por sua vez, deu particular realce à Cimeira
Europeia, recentemente realizada em Lisboa.
Nesta Cimeira, disse, «o que foi realmente marcante não foi o
folhetim das chamadas fotos de família ou de grupo, com ou sem
os austríacos, mas sim a grande manifestação convocada pela
CGTP e a grande combatividade dos trabalhadores a mostrar que
estes não vão baixar os braços perante as ofensivas contra os
salários e direitos».
A Cimeira da precarização
Lembrando que a
Cimeira em Lisboa tinha como objectivo proclamado o «emprego» e
a «coesão económica e social», Carlos Carvalhas afirmou que,
«afinal, do que tratou foi das privatizações - com o eufemismo
de mais aberturas - do sector energético, das
telecomunicações, etc., etc.». Ou seja, de «mais entregas de
sectores rentáveis ao grande capital, acompanhado de mais
flexibilização e desregulamentação».
Em resumo, a Cimeira tratou foi «da adopção do chamado
"modelo americano" - mais precarização, mais
liquidação dos direitos dos trabalhadores - embrulhado com uma
fortíssima retórica social».
Aliás, é «significativo que tenham sido os governos de direita
e os partidos de direita os que mais se regozijaram e aplaudiram
as conclusões da Cimeira», quando... «a maioria dos governos
da União Europeia são socialistas e social democratas». De tal
maneira que, até «a imprensa mais próxima dos socialistas
europeus refere a vitória de Aznar e de Blair!...»
Mesmo as novas tecnologias «de que tanto se falou» não
passaram de um pretexto para passar «a ideia de mais
precarização e liberalização».
O Primeiro Ministro português, por exemplo, sublinhou «como
grande conclusão, o levar a Internet a todas as escolas nos
próximos dois anos». Os comunistas estão, naturalmente, de
acordo com isso, adiantou o secretário-geral do PCP, mas
«certamente que muitos alunos, pais e professores já ficariam
satisfeitos se o governo resolvesse o problema do aquecimento e
da segurança de algumas escolas, se desse efectivo combate ao
insucesso escolar e se reforçasse a acção social escolar, que
em muitos casos é simplesmente ridícula».
Torres Vedras
Também em Torres Vedras, se realizou-se, no passado domingo, um
almoço comemorativo do 79.º aniversário do Partido, com a
participação de Carlos Carvalhas.
Após o almoço, que teve a presença de duas centenas de
militantes, interveio Caetano Dinis, membro da Comissão
Concelhia e vereador da CDU, que abordou questões relacionadas
com a má gestão municipal do PS, marcada pelo autoritarismo e
pela falta de planeamento.
Condenando, depois, a decisão da Câmara, de comemorar o 25 de
Abril apenas de cinco em cinco anos, Caetano Dinis convidou todos
os presentes a participar num grande jantar da CDU comemorativo
desta importante data.
O eleito da CDU referiu ainda a situação dos trabalhadores do
concelho de Torres Vedras, hoje confrontados com a permanente
violação dos seus direitos, com a falta de condições de
higiene e segurança nos locais de trabalho e com salários muito
baixos, como é o caso, entre outras empresas, da Frismague,
Fundição de Dois Portos, Vesticom, Águas do Vimeiro,
Riberalves e Hotel Golf Mar.
Por fim, Caetano Dinis fez um apelo a uma maior participação
dos militantes na vida do Partido, o que considerou ser «uma boa
prenda» de aniversário.
Carlos Carvalhas, que interveio a seguir, evocou a história e
luta do PCP e, abordando a situação política e social, falou
naturalmente das tarefas que hoje se colocam aos comunistas.
Hoje como ontem
«Pequenas lutas reivindicativas mas de grande significado
político», foi como Américo Leal caracterizou as lutas
encetadas na década de 50 pelos trabalhadores da empresa de
carnes Frescata (hoje Socar) em defesa dos seus interesses.
Américo Leal participava num almoço-convívio comemorativo do
79.º aniversário do PCP, realizado no passado domingo, na Quinta
do Anjo, concelho de Palmela.
À evocação de outras lutas como as dos trabalhadores
agrícolas do Poceirão, nos anos 40/50, a participação dos
antifascistas de Palmela nas manifestações do 1.ºde Maio, em
Setúbal, ou nas campanhas eleitorais de Norton de Matos e
Humberto Delgado aquele membro da DORS do PCP acrescentou
ainda as acções dos trabalhadores da Cometna, em Setembro de
1972, em Palmela, pelo pagamento mensal de 30 dias contra o
pagamento de 26 dias até então praticado. Conquista a que se
seguiu, pela força de um paralisação realizada em Fevereiro de
1973, a redução do horário de trabalho para as 45 horas
semanais.
No quadro da análise da situação política e da preparação
do 16.º Congresso do PCP, Américo Leal referiu-se às
declarações do socialista Edmundo Pedro que, em recente
entrevista ao «Expresso», defendendo que o PCP pudesse vir a
mudar de identidade, concluía dizendo que, assim
«reconvertido», o PCP faz falta até ao próprio PS. «Eis a
expressão de um desejo que o PS não terá o prazer de ver!»,
rematou Américo Leal.
Figueira da Foz
Com a participação
de José Casanova, membro da Comissão Política e director de o
«Avante!», realizou-se, no passado sábado, na Figueira da Foz,
um jantar comemorativo do aniversário do PCP.
No momento das intervenções, o camarada Idalécio, pescador da
arte das majoeiras, informou os presentes sobre a luta deste
sector de pesca artesanal e da determinação dos pescadores em
prosseguirem-na até à legalização desta antiquíssima arte de
pesca, ilegalizada em 1987 pelo então Governo do PSD/Cavaco
Silva.
A encerrar esta participada iniciativa, José Casanova referiu
alguns momentos históricos da vida do PCP, a luta que é
necessário prosseguir por uma nova política de esquerda e a
necessidade de uma cada vez maior participação dos militantes
na vida do Partido.
França
Também a organização do PCP da região parisiense realizou, no
passado sábado, na Courneuve, um jantar-convívio em que
participaram 65 militantes e simpatizantes do Partido.
As intervenções assinalando o evento estiveram a cargo do jovem
militante Marco Alves e de António tropa, membro do secretariado
da organização do PCP da região de Paris.