Faltam medidas concretas
CGTP queria mais da Cimeira



As declarações de António Guterres sobre as conclusões da reunião de Lisboa, «confirmam as apreensões da CGTP-IN quanto à concretização das boas intenções expressas no documento inicial da Presidência portuguesa».


Numa nota distribuída sexta-feira, a Intersindical Nacional acrescenta que, sendo «uma sociedade de pleno emprego» um objectivo por que sempre se bateu, ele «parece estar agora comprometido, face à insuficiência do tratamento desta importante questão nas conclusões» da reunião extraordinária do Conselho da UE.


Crescimento
da precariedade


A central diz que «a falta de medidas concretas e quantificadas para a criação de emprego de qualidade dá razão às reclamações dos mais de 50 mil manifestantes, convocados pela CGTP, que desfilaram junto à FIL, a exigir mais emprego e emprego de qualidade». É que, «depois de três anos (e outras tantas cimeiras) perdidos, a CGTP-IN esperava da Cimeira extraordinária posições firmes dos "quinze" no ataque ao grave problema do desemprego e da baixa qualidade do emprego, bem como medidas mais ousadas na defesa e melhoria do modelo de protecção social».
Agora, «das declarações do primeiro-ministro parece ressaltar a ideia de que o crescimento do emprego será feito à custa do agravamento da precariedade, o que vem frustar as expectativas dos trabalhadores que, na Europa, combatem este flagelo social».
Também constitui «decepção» o facto da Cimeira ter abandonado a meta de crescimento anual de três por cento (o movimento sindical europeu reclamava 3,5) e deixado apenas um «objectivo genérico», o que, para a Inter, «significa que não há garantia de um crescimento sustentado, gerados de emprego e bem-estar social».
«A nova sociedade da inovação e do conhecimento, que é prometida para o futuro, é uma realidade distante da sociedade portuguesa e sê-lo-á também daqui a dez anos», protesta a CGTP, contrapondo que «o que os trabalhadores e desempregados esperavam era uma resposta também para os problemas do presente».
Notando que não houve a mesma determinação quanto à protecção social, a central vê a aprovação de «medidas concretas de liberalização dos mercados da energia, transportes e comunicações» como «uma vitória das teses neoliberais sobre o social».
«É no sentido de levar os chefes de Estado e de Governo a corrigirem os défices das medidas de emprego e de protecção social, registados nas conclusões da Cimeira, que a CGTP, conjuntamente com os outros filiados na Confederação Europeia de Sindicatos, se vai empenhar profundamente na mobilização dos trabalhadores portugueses para a grande manifestação de 19 de Junho, no Porto, altura em que estas conclusões irão ser debatidas e adoptadas», conclui o comunicado.


«Avante!» Nº 1374 - 30.Março.2000