Contra propostas patronais «totalmente descabidas»
Construção pára dia 12



Ao abrir mais uma página no calendário de lutas laborais, a CGTP previne que os aumentos dos combustíveis tornam ainda menos credível a previsão de dois por cento de inflação.


Os patrões da construção civil e obras públicas insistem em aumentos salariais de 58 escudos por dia e uma subida de 25 escudos no subsídio de almoço, que os sindicatos consideram «uma afronta à moral e dignidade de quem trabalha, em condições penosas e degradantes», com ordenados que correspondem a um terço da média europeia. Os representantes patronais também querem instituir um controlo obrigatório generalizado e não independente da alcoolemia, moldes vivamente contestados pelos sindicatos do sector.
O plenário de sindicatos, reunido na semana passada, saudou os trabalhadores que aderiram à greve de 14 de Março e apontou nova paralisação, das 12 às 24 horas de 12 de Abril, com concentração junto às associações patronais, para dar continuidade à luta.


Saúde

A greve da passada quinta-feira, no sector administrativo da Saúde, teve uma adesão elevada e acima das expectativas, de acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, que apontou alguns exemplos de adesões totais e mesmo encerramento de serviços em hospitais de Lisboa. «Não só estão em greve muitos contratados, como muito pessoal do quadro está também a aderir», dizia a direcção da FNSFP/CGTP, que convocou a paralisação como forma de exigir uma solução do Governo para o problema de milhares de trabalhadores que têm contratos a prazo (muitos terminariam amanhã e foram prorrogados até 28 de Fevereiro de 2001, depois de anunciada a greve, o que foi considerado uma pretensa solução e uma tentativa de desmobilização).


Perspectivas
graves

Os anunciados aumentos dos preços dos combustíveis vão ter reflexos na inflação e retiram qualquer realismo à previsão de dois por cento, declarada pelo Governo – alertou Carvalho da Silva anteontem, após uma reunião da Comissão Executiva da CGTP-IN, onde estiveram em foco as lutas de trabalhadores actualmente em curso e o previsível aumento da conflitualidade, devido, sobretudo, à insistência do Governo e do patronato numa política de baixos salários.
A CGTP voltou a chamar a atenção para as ameaças à Segurança Social, a propósito da discussão, ontem iniciada na AR, das alterações à Lei de Bases. A central recusa que se procure transferir verbas avultadas para a área dos seguros privados e denunciou o facto de haver cerca de 200 mil trabalhadores que não fazem quaisquer descontos, porque as empresas os não inscrevem na Segurança Social.


«Avante!» Nº 1374 - 30.Março.2000