Números
do emprego instável



Um em cada cinco assalariados tem contrato de trabalho precário, apesar do relativo crescimento do emprego nas estatísticas oficiais.
De acordo com um levantamento feito pela CGTP-IN, no período que antecedeu a acção nacional «Por emprego de qualidade e contra a precariedade»,
o emprego precário atingiu em 1999 cerca de 639 mil trabalhadores no continente, o que corresponde a 19,1 por cento do total dos assalariados.


Esta percentagem tem vindo a aumentar nos últimos anos, pois em 1995 era de 11,1 por cento. De 1998 para 99 o aumento dos contratos permanentes não foi além de 1,4 por cento, enquanto os contratos não permanentes cresceram 12,3 por cento (cerca de 70 mil).
De entre os contratos não permanentes, os que abrangem mais trabalhadores são os contratos a termo (449 mil), mas as outras formas de precariedade atingem também dimensões consideráveis. Cerca de 87 mil trabalhadores têm trabalhos pontuais ou ocasionais, 55 mil trabalham sazonalmente, não tendo sequer contrato escrito, e cerca de 48 mil (18,9 por cento) estão sujeitos ao falso trabalho independente, concluiu o estudo da CGTP, feito com base em dados do INE.
O principal motivo que leva à procura de um novo emprego é o fim de um emprego de duração limitada (33,3 por cento), o que no total do desemprego tem um peso considerável (28,2 por cento).
Os jovens entre os 15 e os 24 anos são os principais atingidos pela precariedade, dado que a percentagem dos que têm contratos não permanentes é o dobro da global (39,2 por cento contra 19,1 por cento).
O emprego a tempo parcial, apesar de representar apenas 5,2 por cento do total, abrangendo 175 mil trabalhadores, está também relacionado com o aumento da precariedade. Em 1998 os contratos não permanentes entre os trabalhadores a tempo parcial eram 37,7 por cento, tendo aumentado para 41,5 por cento em 1999.
O trabalho a tempo parcial é na sua grande maioria involuntário, dado que apenas 21,3 por cento dos trabalhadores referem não ter querido um horário completo. Os restantes 78,7 por cento dividem-se entre os que não encontraram emprego a tempo inteiro e os que têm outras razões que os obrigam a trabalhar a tempo parcial.
A par do estudo da CGTP, a Agência Lusa refere também um levantamento da União dos Sindicatos de Lisboa, que regista a existência de 1887 trabalhadores precários nos CTT (11,8 por cento), 54 trabalhadores na Sim-Siemens (45,8 por cento), 120 trabalhadores precários na Fertagus (83,3 por cento), 312 na Portugália (36,4 por cento), 180 na Samsung (36 por cento) e 196 na Iglo (53,7 por cento).
Nas grandes obras do distrito de Lisboa o trabalho precário ultrapassa os 50 por cento.


«Avante!» Nº 1374 - 30.Março.2000