Situação «caótica» no Júlio de Matos
A redução do número de enfermeiros por turno no
serviço dos doentes crónicos do Hospital Júlio de Matos e o
encerramento da urgência estão a motivar o descontentamento
destes profissionais, que enviaram segunda-feira um
abaixo-assinado à administração - e que foi igualmente enviado
ao Ministério da Saúde.
O documento,
dinamizado pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e subscrito
por 124 dos 150 enfermeiros que exercem no hospital, visa
pressionar o conselho de administração da instituição a
reunir- se com os profissionais, de forma a solucionar a
«situação caótica» que se vive no hospital.
A falta de informação relativamente ao processo de
transferência das urgências para o Hospital Curry Cabral, a
necessidade de rever o número de profissionais necessários por
serviço e a situação «desumana» de concentração de 60
doentes crónicos, sem ocupação, por falta de terapeutas
ocupacionais e com um número de enfermeiros insuficiente para a
prestação de cuidados são algumas das questões levantadas no
abaixo-assinado, citado pela Lusa. O documento refere ainda a
situação do pavilhão em que convivem doentes agudos dos dois
sexos, «num espaço inadequado, sem segurança e sem
vigilância», e exige, nomeadamente, «alterações nas
estruturas sanitárias, acessos para macas e cadeiras de rodas,
portas de emergência, instalação de sistema de vigilância de
vídeo e a substituição do vidro por materiais inquebráveis».
A desertificação dos serviços em matéria de enfermagem,
referida no documento, foi igualmente confirmada à agência por
Rui Santos, do SEP, que sublinhou ser já inviável a
manutenção de dois enfermeiros por turno no apoio aos doentes
crónicos, devido «ao elevado número de profissionais que tem
saído do hospital». Sem dar ao conselho de administração um
prazo para resposta, o SEP espera, no entanto, que o encontro
seja agendado durante as próximas duas semanas, sem o que admite
«encetar outras formas de luta».