GNR de «braços caídos»
A partir de sábado passado e até 8 de Abril, os guardas da GNR
garantem a segurança dos cidadãos, mas não estarão tão
atentos a multas e outros serviços, disse à agência Lusa o
secretário-geral da Associação dos Profissionais da Guarda,
Carlos Correia.
Esta tomada de
posição enquadra-se num processo de «indignação» dos
soldados da GNR, que pretendem um horário de trabalho
semanal, uma carreira própria e um melhor salário.
Segundo o secretário-geral da APG, aqueles profissionais fazem
80 e 90 horas por semana, às vezes mais, enquanto as
disposições que criam a nova Polícia Municipal prevêem que
eles não trabalharão mais de 35 horas semanais, terão direito
a duas folgas semanais e, em caso de serviço extraordinário,
serão avisados com 48 horas de antecedência.
Os sócios da APG rejeitam também que os seus oficiais vejam a
carreira limitada pela transferência de oficiais do Exército
para aquela força. «Uma portaria já assinada vai elevar para 15
o número de oficiais-generais na GNR», explica Carlos Correia,
recordando que um tenente-general da NATO, em cenário de guerra,
comanda uma brigada de vinte mil homens (a GNR tem cerca de 25
mil soldados).
O Regulamento de Avaliação Militar, rejeitado no Exército, foi
já implementado na GNR, apesar de lesar fortemente os seus
profissionais. «Não queremos ser o quarto ramo das Forças
Armadas», afirma Carlos Correia.
No que toca aos vencimentos, o novo sistema retributivo afectou
mais de três mil homens e deixou os profissionais da GNR «em
manifesta desigualdade» em relação à PSP, protesta o
secretário-geral da APG.