Criticada
inércia do Governo para lidar com o problema da seca
PCP
exige medidas de fundo
O Governo é incapaz de adoptar medidas de fundo que enfrentem o fenómeno da seca, limitando-se a medidas avulso que não dão resposta aos problemas, acusou o Grupo Parlamentar do PCP.
Estava-se num debate de urgência sobre o tema, agendado por
iniciativa do PSD e do PP, no decorrer do qual veio sobretudo a
lume a inoperância do Executivo para lidar com um problema que
ciclicamente afecta várias regiões e sectores de actividade,
como o Alentejo e a agricultura.
As críticas incidiram principalmente, para além de alguns
aspectos particulares ao Convénio Luso-Espanhol sobre a gestão
dos recursos hídricos, no facto de os nossos sucessivos governos
se terem atrasado na construção de albufeiras capazes de
armazenar os caudais que estão garantidos naquele acordo.
Erigindo-a como «questão central» do Convénio, Lino de
Carvalho, em nome da bancada comunista, sublinhou como o nosso
País está dependente da «libertação por Espanha de caudais
mínimos em determinados períodos do ano», lembrando que estes
correspondem exactamente aos períodos de seca que também
afectam o país vizinho.
Daí as medidas estruturantes preconizadas pela bancada
comunista, sem as quais, do seu ponto de vista, não é possível
combater eficazmente um problema que, este ano, para além dos
graves prejuízos agrícolas, ameaça igualmente o abastecimento
de água às populações nalgumas localidades, sobretudo no Sul
do País.
A adequação dos sistemas culturais à especificidade das nossas
características edafo-climáticas constitui uma dessas medidas
propostas pelo PCP, que defende simultaneamente um sistema de
cobertura de riscos que liberte os agricultores da dependência
de medidas pontuais do Governo ou, como sublinhou Lino de
Carvalho, da «"compreensão" da Comissão Europeia».
Advogada pela bancada comunista é, por outro lado, a
multiplicação da rede nacional de armazenagem de água, tendo a
este propósito o parlamentar do PCP lembrado que, se Alqueva já
estivesse construído, «seguramente que o Alentejo não se veria
periodicamente a braços com as consequências da seca ou, pela
menos, estas seriam extraordinariamente atenuadas».
Para o PCP importa, entretanto, que as medidas pontuais de apoio
aprovadas pelo Governo se estendam às pequenas explorações
familiares e não apenas às grandes empresas do sector
agro-pecuário e agro-industrial, como sucedeu no passado - , do
mesmo modo que entende que elas devem ser alargadas aos pequenos
produtores de hortícolas.