Fuga aos
impostos na Madeira
Governo
premeia evasão fiscal?
O Grupo Parlamentar do PCP solicitou a audição do ministro das
Finanças e do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para
esclarecimento de questões relacionadas com evasão fiscal,
através da utilização indevida do denominado «off-shore» da
Madeira.
Em requerimento
enviado à presidente da Comissão Parlamentar de Economia, o
líder parlamentar comunista, Octávio Teixeira, começa por
recordar que, em Março de 1998, a Inspecção-Geral de Finanças
concluiu um relatório de «auditoria à tributação do sector
bancário» em que detectou «situações caracterizadoras de
evasão fiscal».
O presidente da bancada comunista lembra que a fuga fiscal
detectada no documento incidia basicamente na «utilização
indevida do "off-shore" da Madeira para reduzir
administrativamente os lucros sujeitos a IRC». Sublinhado é
também o facto de o então ministro das Finanças, num despacho
de 11 de Agosto de 1998, ter expressado a sua preocupação pela
situação detectada, tendo, posteriormente, também por
despacho, expressado o seu acordo às «conclusões,
recomendações e propostas» sugeridas no relatório da
Inspecção-Geral de Finanças.
Aliás, na sequência do relatório, como lembra Octávio
Teixeira, «foi feita a liquidação correctiva de impostos de
montante superior a 26 milhões de contos».
Não pode deixar de ser por isso com espanto que foi recebida a
notícia veiculada por um órgão de comunicação social, no
passado dia 17 de Março, de que «alguns dos bancos visados
recorreram para o ministro das Finanças, assim beneficiando do
efeito suspensivo da cobrança de IRC liquidado». Octávio
Teixeira acrescenta, a este propósito, que, por despacho de 30
de Dezembro de 1999, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
«promoveu um autêntico perdão fiscal ao deferir, ainda que
"com dúvidas", os requerimentos do BPI e outros Bancos
(provavelmente Barclays e BFB)». «Se o senhor secretário de
Estado deferiu com dúvidas, muitas das dúvidas se suscitam ao
Grupo Parlamentar do PCP sobre a elaboração desse despacho e
sobre a actuação do Ministério das Finanças neste processo»,
sublinha o líder parlamentar comunista, esperando assim ver
clarificada a situação.