Aterro
sanitário de Bigorne
Populações
não desistem
O protesto popular em torno da construção do aterro sanitário
de Bigorne deverá agora assumir novas formas que, de par de
outras acções de contestação, incluirão o recurso aos
tribunais.
Os trabalhos de
abertura da estrada de acesso ao local para onde está prevista a
construção do aterro sanitário do douro Sul, recomeçaram a
semana passada, rodeados de grande aparato, com GNR a cavalo e
com cães. Uma situação que impediu o protesto popular no local
e levou os manifestantes a deixarem no terreno três dezenas de
vacas, a serem guardadas por mais de 200 agentes da GNR...
A contestação prossegue entretanto. As Juntas de Freguesia de
Bigorne e Lazarim, Lamego, repudiaram publicamente a actuação
das forças da GNR, considerando que de deram mostras de
prepotência e abuso de poder.
Os autarcas denunciam a invasão e devastação de terrenos que
não se encontram abrangidos pela declaração de utilidade
pública, tendo as máquinas destruído muros, marcos e culturas.
Os advogados das freguesias de Bigorne, Lazarim a Lalim irão
tentar encontrar forma de fazer parar, judicialmente, as
máquinas e referem que alguns terrenos por onde as
retro-escavadoras estão a abrir caminho «não constam da lista
de expropriações e nos outros já caducou a declaração de
utilidade pública onde foi sustentado o processo de
expropriações».
Balflora apoia protestos
Entretanto o Secretariado dos Baldios do Distrito de Viseu
(Balflora) anunciou a constituição de comissões e assembleias
de compartes em Lazarim e Bigorne, concelho de Lamego, para
acompanhamento dos trabalhos no aterro sanitário do Douro Sul.
Manuel Rodrigues, presidente da Balflora, explicou, em
declarações à Lusa, que «a constituição das comissões de
compartes se deve ao facto dos terrenos para onde está prevista
a construção do aterro serem constituídas, também , por dois
hectares de baldios que não podem ser tocados por não fazerem
parte da lista de expropriações».
«Estes terrenos baldios, apesar de não terem um dono
específico, merecem os mesmos cuidados que os restantes e os
órgãos que a lei prevê para a sua gestão popular têm que ser
contactados porque, caso contrário, a ilegalidade será total»,
sublinhou o dirigente da Balflora.
Ainda a semana passada, uma delegação de diferentes
organizações signatárias de uma nota de protesto deslocou-se
ao governo Civil de Viseu para entregar a nota e manifestar a sua
total solidariedade para com as populações de Lalim, Lazarim e
Bigorne. Não foi recebida.
Uma luta que se amplia e desdobra em várias formas.
PCP toma posição
|
Nota de protesto
Protestar, «de forma veemente, contra a utilização abusiva,
despropositada e inaceitável da força para impor às
populações de Bigorne, lalim e Lazarim, a construção do
aterro sanitário de Bigorne», é a razão de ser da Nota e
protesto entregue no Governo Civil de Viseu.
Os signatário manifestam assim a sua solidariedade com as
populações daquelas freguesias, «reiterando o seu absoluto
respeito pelo direito das populações a manifestarem-se contra
projectos que atentam contra a sua saúde e os seus direitos».
A nota de protesto denuncia, como abusiva, «a imposição
de uma solução para um problema que ainda tem processos
pendentes, à revelia de qualquer ordem judicial».
A atitude do Governo, ao «mandar uma força policial,
constituída por v«centenas de agentes da GNR, guardas a cavalo
e cães polícias, contra uma população desarmada, que, como
único delito, apresenta a defesa do seu bem estar», é
igualmente denunciada como despropositada e «contraditória com
a propaganda de diálogo».
A nota de protesto é subscrita por dez sindicatos, pela
União dos Sindicatos de Viseu, Associação de Deficientes das
Forças Armadas (Del. Viseu), Prof Associação dos
Professores de Viseu, Balflora Secretariado dos Baldios de
Viseu e Federação Académica de Viseu.