Bobadela contra Petrogal



O processo de reactivação dos depósitos de combustível da Petrogal em Bobadela, Loures, foi travado pela Direcção-Geral de Energia até ser encontrada uma «solução consensual», nas palavras do secretário-geral da empresa petrolífera.

Entretanto, instado a tomar posição pela Câmara Municipal de Loures, o Ministério do Ambiente enviou uma carta à companhia petrolífera em que dizia não poder autorizar o armazenamento de combustível.
Estes os mais recentes desenvolvimentos de um processo que opõe a população de Bobadela e a Câmara Municipal de Loures à Petrogal.
Um processo que se vem a arrastar desde Fevereiro, e que colide com as promessas feitas quando dos debates em torno da Expo, em que foi garantido que toda a zona iria ser devolvida à população.
Desactivados aquando das obras realizadas no âmbito da exposição mundial, os 12 depósitos que a Petrogal mantém na freguesia de Bobadela estão agora a ser sujeitos a trabalhos de manutenção e limpeza com vista à sua reactivação em Junho.
A Câmara opõe-se a tal intenção e já tem mesmo elaborado um Plano de Urbanização para a área, onde se incluem zonas e equipamentos de lazer. Estas zonas verdes e espaços urbanizados seriam integrados no futuro Parque Tejo Trancão. Um projecto que teve luz verde da Delegação Regional de Lisboa e Vale do Tejo do Ministério da Economia, num parecer de Outubro de 1998.
A Petrogal, por seu lado, diz ter uma autorização da Direcção-Geral de Energia. A avançar a reactivação de estruturas prevê-se que, em Junho, ali cheguem por via férrea dezenas de milhar de litros de gasóleo por dia, provenientes de Sines.
Os moradores estão frontalmente contra a reactivação dos depósitos da Petrogal. Receiam os riscos que daí possam advir em termos de segurança e a degradação do ambiente.
O presidente da Câmara de Loures informou entretanto a população de que os pedidos de licenciamento que a Petrogal entregou à Câmara vão ser indeferidos, com base na ausência de estruturas, de estudos de impacto ambiental e por o Plano Director Municipal estipular que a plataforma ribeirinha da Bobadela se destina a área de serviços e lazer.


«Avante!» Nº 1374 - 30.Março.2000