Pequenas
explorações em queda
Concentração
na agricultura
O Eurostat concluiu que o número de explorações agrícolas tem vindo a diminuir, em resultado da concentração crescente da terra e da produção nas mãos dos grandes agricultores.
Em Portugal, entre 1987 e 1997, registou-se uma redução de 34
por cento no número das explorações agrícolas, um ritmo muito
superior à média verificada na União Europeia, no mesmo
período, que se ficou pelos 24 por cento, segundo indica o
relatório da Agência de Estatísticas Europeias, denominado
«30 Anos de Agricultura na Europa».
Só nos dois primeiros anos de governação PS, entre 1995 e
1997, desapareceram 8 por cento das explorações agrícolas.
Esta redução incidiu principalmente sobre as pequenas
explorações (com menos de cinco hectares), na sua grande
maioria de índole familiar que, no referido período de 10 anos,
sofreram uma diminuição de 40 por cento, com graves
consequências sobre o emprego, a desertificação do mundo rural
e o aumento das disparidades regionais.
Enquanto isso, o número das grandes explorações, com mais de
50 hectares, aumentava mais de 30 por cento, apesar de, entre
1995 a 1997, também estas terem sofrido uma ligeira redução de
2 por cento.
Esta evolução verifica-se não só em Portugal, mas em toda a
Europa. Com a progressiva liberalização dos mercados internos e
externos, a contínua descida dos preços agrícolas e, em
consequência, dos rendimentos dos agricultores era previsível
que ocorresse uma «selecção natural» dos pequenos
agricultores, ditos «não competitivos».
Apoios para grandes
Para este quadro
muito contribui o facto de grande parte dos meios financeiros
nacionais e comunitários ser canalizada para o apoio dos grandes
agricultores. Em Portugal, um por cento dos agricultores recebe
42 por cento das ajudas, no âmbito da Política Agrícola Comum
(PAC), que favorece claramente os grandes produtos. Veja-se o que
se tem passado no sector do leite com o resgate das quotas dos
pequenos produtores, em benefício dos grandes e da
agro-indústria.
O Governo contrapõe que, em 1999, os agricultores tiveram um
incremento de 16 por cento nos rendimentos agrícolas, enquanto o
rendimento agrícola decaiu 3 por cento na União Europeia.
Contudo, estes números não levam em conta que o aumento da
produtividade e o facto de o ano de 1999 ter sido um excelente
ano agrícola no sector dos vinhos e das frutas e legumes. Por
outro lado, o aumento verificado não compensa a perda de 25 por
cento ocorrida nos últimos anos e o baixo valor nominal dos
rendimentos.
Por fim, resta lembrar ao governo que milhares de pequenas
explorações foram sacrificadas para que hoje, alguns possam ser
«competitivos», internacionalmente
é claro.