Fórum
internacional do PCP converge na necessidade da cooperação das
forças revolucionárias e de esquerda para combater o
neoliberalismo
Qual
é a nova economia?
A nova economia é uma expressão que está na moda mas, na opinião de Franco Giordano, do Partido da Refundação Comunista, aquilo a que assistimos tem pouco de novo.
Por um lado, temos uma economia dependente dos mercados
bolsistas, onde os preços estão inflacionados quando comparados
com os lucros das empresas. Por outro, pretende-se importar
definitivamente o modelo americano de organização do trabalho.
Isto significa liberdade de despedimentos, subalternização do
movimento sindical, desregulamentação laboral, ataque aos
salários tudo para competir na ofensiva globalizadora.
«São duas faces da mesma moeda», disse Giordano, que defendeu
como principais orientações da luta das forças das forças de
esquerda «a defesa dos salários e a redução do horários de
trabalho; da qualidade do emprego; do combate à evasão fiscal,
controlo e taxação das transacções financeiras; bem como de
um sector público relevante.
No fórum, interveio igualmente Grazia Paoletti, do Partido dos
Comunistas Italianos, confirmando o forte crescimento do trabalho
precário e a tempo parcial no seu país. Segundo disse, na
Itália «apenas há um posto de trabalho fixo por cada dez»,
situação que entre outras consequências se traduz num aumento
anual dos acidentes de trabalho. Dentro em breve, realizar-se-á
um referendo sobre a abolição da norma que obriga o empregador
a reintegrar os trabalhadores despedidos sem justa causa. Na
prática, o que se vai votar é o livre despedimento.
O crescimento não basta
A Hungria conheceu
um quebra de 40 por cento do produto interno bruto entre 1990 e
1994. Como referiu no Encontro Ana Bita Farkas, do Partido dos
Trabalhadores da Hungria, hoje a maioria dos índices económicos
já recuperou para os níveis existentes em 1990 e o PIB aumenta
entre 4 a 4,5 por cento ao ano. No entanto, frisou, «o
crescimento económico sozinho é incapaz de resolver o problema
do desemprego ou de aumentar o número de postos de trabalho».
Mas mesmo num país como a Holanda, que apresenta bons índices
económicos, designadamente um crescimento de três por cento ao
ano, uma inflação de 1,5 por cento, uma taxa de desemprego
abaixo dos três por cento e um orçamento público que tem mais
receitas do que despesas, a realidade social é menos optimista.
Segundo Tini Kox, secretário-geral do Partido Socialista, esta
performance económica tem um preço: «um milhão de famílias
vivem no limite do mínimo social e mais de 250 mil crianças
crescem na pobreza. A maioria dos novos pobres é constituída
por mulheres e imigrantes, sendo que nestas camadas o desemprego
é quatro vezes superior à média nacional. Em contrapartida, o
número de milionários cresceu 400 por cento nos últimos 10
anos.
Mas mesmo as estatísticas do emprego podem ser enganadoras,
disse Kox, lembrando que cerca de um milhão de desempregados
não são contabilizados, porque não encontram trabalho
compatível, e muito do emprego na Holanda é temporário e a
tempo parcial, sendo este o primeiro a desaparecer em caso de
diminuição do crescimento económico. Por outro lado, cerca de
70 por cento dos trabalhadores com 55 anos de idade não
trabalham e deixaram de contar para as estatísticas. Por isso,
fez questão de alertar: «quando ouvirem falar do modelo
holandês saibam que se trata apenas de números, estatísticas,
mentiras e políticos».