Em protesto
contra a lei de financiamento
Estudantes
do superior saem à rua
Os estudantes do ensino superior manifestaram-se ontem contra a política de Oliveira Martins. Na segunda-feira, foi a vez dos alunos do secundário.
Os alunos do ensino superior de Lisboa manifestaram-se ontem à
tarde em frente ao Ministério da Educação (ME), numa acção
promovida por 20 associações de estudantes das universidades
Clássica, Nova e Técnica. Em causa está a política educativa
do Governo, nomeadamente a lei de financiamento e as
deficiências da acção social escolar.
O ME é também contestado pela Federação Académica do Porto
(FAP), que organizou uma semana de debates nas faculdades
portuenses. Nas palavras do seu presidente, Hugo Neto, esta
iniciativa funciona como um «cartão amarelo, quase vermelho, à
política do ensino superior do Governo».
Esta acção inclui assembleias de alunos e a elaboração de
abaixo-assinados sobre os problemas específicos de cada
estabelecimento.
Dois meses e meio depois de se ter reunido com o ministro da
Educação, Guilherme de Oliveira Martins, a FAP critica a falta
de decisões. «Até agora não há, da parte do Governo, sinais
de interrupção ou do fim da irresponsabilização que se
verifica no sector», afirmou Hugo Neto, citado pela agência
Lusa. O presidente da FAP acusa o Ministério de não cumprir a
sua parte no que é estipulado na lei de financiamento, apesar
dos alunos serem obrigados a pagar propinas.
Outra crítica dos estudantes assenta na acção social. Como
forma de protesto, está prevista para hoje a presença maciça
dos alunos na cantina da Reitoria da Universidade à hora de
almoço, para provar que as instalações são insuficientes e
que «não há espaço para todos».
Por outro lado, a FAP exige que se faça frente às rendas de
casa especulativas a que os estudantes estão sujeitos e propõem
a instalação de residências universitárias em edifícios
desocupados da baixa do Porto.
Secundário protesta
Cerca de 3500 alunos do ensino secundário de 11 escolas de
Lisboa saíram à rua, na segunda-feira, num desfile que partiu
do Marquês do Pombal e teve como destino a sede do Ministério
da Educação, na Avenida 5 de Outubro.
Esta acção, organizada pelo Movimento de Associações de
Estudantes do Ensino Secundário de Lisboa (MAEESL), teve como
objectivo protestar contra o regime de acesso ao ensino superior
(contestando as provas globais, os exames nacionais, os numerus
clausus e o sistema avaliativo) e a proposta de revisão
curricular.
Os estudantes criticam a existência de aulas de 90 minutos e do
13.º ano, a falta de condições para a implementação da
«área projecto», a possível redução do tempo de férias e a
manutenção de uma carga horária excessiva.
Os estudantes exigem ainda a regulamentação da lei da
Educação Sexual, que prevê a introdução da matéria de forma
interdisciplinar nos currículos, a criação nas escolas de
gabinetes de apoio à sexualidade juvenil e a instalação de
máquinas de preservativos.
Três representantes dos estudantes foram recebidos por uma
delegação do ME, numa reunião que, segundo os alunos, foi
marcada por um discurso demagógico e pela constante fuga às
questões colocadas.
A JCP está solidária com as reivindicações e considera que
esta manifestação demonstra que a política do Governo não
serve aos estudantes.
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Inauguração
virtual
A associação de estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa
organiza hoje a «inauguração virtual» da cantina daquela
instituição. Os alunos irão levar o almoço de casa e
reunir-se nas instalações da cantina em construção. A sua
abertura estava prevista para o ano lectivo 1999/2000, mas a
inauguração foi adiada para depois das férias da Páscoa. Se
for inaugurada...
A associação organiza ainda outra iniciativa na próxima
quarta-feira: os alunos permanecerão na biblioteca da faculdade
após a hora prevista para o seu encerramento, contestando o
reduzido horário de funcionamento.