Os Congressos do
Partido - O VI Congresso
Rumo
à Vitória!
O VI Congresso do PCP, realizado em Setembro de 1965, nos arredores de Kiev, definiu de facto o Rumo à Vitória sobre o fascismo e abriu novas perspectivas.
Essas perspectivas foram abertas não apenas à luta de massas que determinantemente eram influenciadas e organizadas pelos comunistas. Estabeleceram, a partir da análise da realidade portuguesa, os objectivos principais da sua transformação através de uma Revolução Democrática e Nacional.
Esse rumo, que o
Partido vinha já desenvolvendo nos seus traços essenciais,
sobretudo a partir dos anos 60/62, após a fuga da prisão de
Álvaro Cunhal e de outros dirigentes do PCP que voltaram à
luta, abrindo um intenso e amplo debate ideológico e crítico de
algumas das posições assumidas pelo anterior Congresso e que
teve como etapas principais as reuniies do Comité Central -
Fevereiro de 60; Dezembro de 60, onde é aprovado o documento «A
tendência anarco-liberal na organização do trabalho de
direcção», que faz a crítica do desvio de direita»; Março
de 61, onde o debate culmina com a aprovação de uma
Declaração sobre «A via para o derrubamento da ditadura
fascista e para a conquista das liberdades políticas» e onde é
eleito Álvaro Cunhal para Secretário-Geral do Partido.
Essa correcção e aprofundamento teórico, acompanhado das
medidas de organização correspondentes, com incidência
expressiva no cumprimento dos princípios do centralismo
democrático, deram os seus frutos, contribuindo decisivamente
para o ascenso da luta de massas que se verificou nos anos de
1961/62.
Todo esse labor, teórico e prático, sobre a realidade
portuguesa a transformar profundamente, veio a reflectir-se no VI
Congresso. O estudo «Rumo à Vitória», de Álvaro Cunhal, que
fora aprovado pelo CC em Março de 1964, esteve na base de parte
substancial do Relatório que o Secretário-Geral apresentou então
aos delegados.
Outras peças importantíssimas para a perspectiva e para a luta dos comunistas foi o Programa do Partido e os Estatutos então debatidos e aprovados.
_____
Fomos chegando a pouco e pouco, vindos de várias regiões do
País e de vários sectores da actividade do Partido. Alguns
também do estrangeiro, onde desempenhavam tarefas na luta contra
a ditadura. Eram mais de três dezenas os que acabaram por vir,
delegados pelo Partido para se reunirem em congresso, vencidos
dificuldades e perigos para ali chegar. Poucos? Não creio. Os
bastantes para ali afirmar a vontade de vencer.
Quando o Congresso
iniciou os seus trabalhos já tinha atrás de si um intenso
debate que, apesar da clandestinidade, percorrera todo o Partido.
Meses antes tinham sido editados clandestinamente e distribuídos
praticamente a todos os militantes os projectos de Programa e de
Estatutos. Centenas de opiniões, propostas de emenda,
aditamentos, foram recebidos e examinados para a elaboração dos
documentos apresentados pelo Comité Central ao Congresso. Foi o
culminar de um amplo debate político que desde 1961 e
principalmente após a aprovação do relatório «Rumo à
Vitória» (1964) se desenvolveu no Partido, quanto à via para o
derrubamento do fascismo, a etapa e os objectivos da revolução,
as formas de luta, a natureza e os princípios orgânicos do
Partido.
Durante quase uma semana, com sessões de trabalho de dez e mais
horas diárias, esses foram os temas debatidos no Congresso. Nele
participavam delegados que manifestavam desacordos, divergências
ou dúvidas quanto às orientações que vinham sendo definidas
pelo CC.
O Congresso discutiu e aprovou, depois dos debates e propostas
dos delegados, os relatórios apresentados pelo CC sobre a
actividade do partido (Álvaro Cunhal), sobre o programa (Sérgio
Vilarigues), sobre os estatutos (Francisco Miguel) e sobre
problemas de organização (Joaquim Gomes).
Foram dias de trabalho intenso, mas também de fraterno
convívio. Muitos dos participantes não se viam há longos anos,
quer pelas exigências de compartimentação necessárias à
defesa em condiçes de clandestinidade (as Çmedidas
conspirativasÈ, como lhes chamávamos) quer por terem estado
vários deles (Francisco Miguel, Manuel Rodrigues da Silva e
outros) longos anos na prisão. Nos intervalos das sessões de
trabalho, no pequeno bosque que rodeava a casa onde se realizou o
Congresso ou em conversas noite fora, os temas tratados eram
desenvolvidos entre os delegados, muitos dos quais só se
conheciam por pseudónimos conspirativos. Pouco possível era
não falar. Comunicar era tão importante como compreender.
Não podíamos sequer saber quem éramos. E se por acaso
soubéssemos, por vicissitudes vividas antes de mergulhar na
clandestinidade, continuávamos a tratar-nos por pseudónimo.
Não por falta de confiança entre camaradas. O nosso trabalho
foi sempre desenvolvido na base de um elo profundo de confiança.
Mas, nas condições especificas em que lutávamos, fomos
engendrando as regras de segurança necessárias à defesa do
Partido. E, em hora de despedida, não era difícil aperceber num
olhar, num aperto de mão, num abra_o emocionado, a pergunta
implícita: quem será este - ou aquela - que, a não ser por
acaso, talvez nunca mais tenha a sorte de voltar a ver?
O que esperávamos? O que queríamos? Pensar num Portugal sem
ditadura era como reverter o presente num futuro sem prisões,
sem grilhões, sem opressões. Apesar da difícil situação que
o Partido então vivia queríamos propor ao povo português um
projecto de luta capaz de o levar à vitória.
Deste Congresso saiu
o programa para a Revolução Democrática e Nacional, que
orientou a actividade do Partido na luta até ao derrubamento do
fascismo, no processo da revolução de Abril e na construção
da democracia em Portugal.
Foi este o último congresso na clandestinidade. O VII (Outubro
de 74) realizou-se já em liberdade.
O fascismo tinha sido derrubado em Abril. 25 foi o seu cravo
inventado por um longa imaginação popular. Tão sábia e
conhecedora do seus pas que fez uma flor atravessar o mundo
com o nome duma revolução. No plural.
A realização do VI
Congresso exigiu da Direcção do Partido os esforços e a
capacidade de organização, disciplina e defesa, comuns à de
todos os congressos realizados na clandestinidade e sob a feroz
repressão fascista. Mas este Congresso teve acrescidas medidas e
riscos de defesa, com a passagem de fronteiras, dado que se
realizou fora do País. Esta nova realidade exigiu também o
envolvimento de partidos irmãos no acolhimento e defesa dos
quadros congressistas, o que constituiu uma ajuda importante.
O facto de se realizar num país socialista - na União
Soviética, em Kiev -, permitiu ao Congresso desenrolar-se em
óptimas condições de trabalho e descontracção, onde os
delegados congressistas puderam usufruir da solidariedade e
fraternidade dos comunistas soviéticos e, com grande emoção,
viverem a liberdade de um regime conquistado pela classe
operária e pelo povo soviéticos com a Revolução de Outubro.
Este foi, sem dúvida, um factor muito positivo para cada
delegado, e um estímulo para as batalhas que tínhamos pela
frente, uma grande confiança de que o nosso povo e o nosso país
viesse a viver essa bela realidade.
O Congresso abriu os seus trabalhos com a alocução do saudoso
camarada Manuel Rodrigues da Silva, que saudou nos delegados
congressistas todos os militantes que, nas difíceis condições
de repressão fascista, lutavam pela concretização dos
objectivos do Partido. Saudou todos os camaradas e antifascistas
que, na polícia, nos tribunais e nas masmorras de Salazar,
enfrentaram todos os sacrifícios pela libertação da nossa
Pátria.
Depois, foi prestada sentida homenagem aos camaradas que, desde o
V Congresso, num espaço de oito anos, tinham tombado nos seus
postos de combate - José Gregório, José Dias Coelho, Helena
Magro, Maria Albertina, Adângio, Capilé, Fineza.
Depois, também com emoção e respeito, foi anunciado que 59,5
por cento dos delegados tinham passado pelas prisões fascistas,
somando um total de 105 anos de prisão, e que entre eles se
contavam alguns, de entre muitos, que se tinham evadido das
prisões para retomarem o seu posto de combate.
Depois, o Congresso
escutou, com grande emoção e orgulho, o Relatório da
Actividade do Partido, apresentado pelo camarada Álvaro Cunhal.,
Nele se analisava com rigor científico, espírito crítico e
autocrítico, toda a actividade do Partido desde o V Congresso e
as grandes batalhas travadas pela classe operária e por todo o
nosso povo, desde as lutas reivindicativas por melhores
condições de vida às grandes batalhas políticas, com greves e
manifestações; as jornadas pela conquista das 8 horas no
Alentejo; as comemorações do 1.º de Maio; as lutas das
campanhas da oposição nas batalhas eleitorais; as
manifestações contra a guerra colonial, pela amnistia e a
libertação dos presos políticos, etc. Tantas e tantas
batalhas, nas quais, de uma forma ou de outra, os congressistas
se sentiam envolvidos.
O balanço feito pelo camarada Cunhal da actividade das forças
democráticas e antifascistas e da sua organização, e do papel
dos comunistas nesta frente de trabalho; a necessidade e
perspectivas do seu reforço e alargamento abriram em cada um dos
delegados confiança e vontade para a continuação das novas
batalhas a travar.
O balanço do esforço vitorioso do Partido na luta pela
correcção do desvio de direita e a apresentação ao Congresso,
para sua ratificação, dessas medidas e das medidas
programáticas reflectidas nos novos Programa e Estatutos, onde
eram definidas as características da etapa da Revolução
Democrática e Nacional, teve não só a aprovação unânime do
Congresso, mas também o grande entusiasmo e confiança dos
congressistas. Hoje, passados trinta e tal anos, a vividas as
experiências do 25 de Abril, é com orgulho que registamos a
contribuição que essa caracterização e definição teve no
próprio Programa dos Capitães de Abril e no desenrolar dos
passos da nossa Revolução dos Cravos.
O VI Congresso,
além do novo Programe e dos novos Estatutos, aprovou também,
com fervor e emoção, um Apelo à Classe Operária, ao
Povo Português, a todos os antifascistas - Pela unidade,
reforço e alargamento da organização das Forças Democráticas
na luta pela Liberdade!
O VI Congresso foi um êxito do Partido e um valioso
contributo para a luta do nosso povo contra a ditadura fascista e
pela instauração da democracia e da liberdade.
Um verdadeiro
veterano do Partido não escolherá chamar a este VI Congresso
uma «fronteira», mesmo literária - uma passagem para qualquer
coisa de diferente natureza. Um verdadeiro «veterano», um dos
vários ali presentes que há mais de duas dezenas de anos
preparavam, lanço a lanço, nas lutas do dia a dia e nas
orientações que «nelas, delas e dos princípios» resultaram,
as traves mestras deste Congresso - todos eles falarão com rigor
de um passo decisivo de um processo, efectivamente
pontuado de momentos tão importantes como as lutas que se
alargaram e intensificaram a partir dos finais dos anos 50, as
fugas de Caxias e Peniche que devolveram à luta clandestina
alguns dos mais provados comunistas, a caracterização e
correcção do desvio de direita, por último o célebre «Rumo
à Vitória», como ficou para a História aquilo a que hoje
chamaríamos as Teses para o Congresso.
Sublinhará a importância do Programa do Partido que dele
resultou, da definição dos objectivos da Revolução
Democrática e Nacional então adoptados. Lembrará que ali se
abriu mais claro o caminho da liberdade.
Mas os mais jovens - e falo por vários, tenho a certeza -
acharam-se a transpor uma fronteira, talvez a sua própria
fronteira da maturidade, e para alguns esse foi mesmo um momento
mágico: a revelação de que a liberdade é possível, e no
nosso tempo - não apenas no tempo dos nossos filhos, dos netos,
do futuro, com aquele «...pelo menos» que desde miúdos nos era
repetido para atear a esperança e refrear impaciências...
Filhos do tempo fascista, alguns da clandestinidade, nem todos
verdadeiramente provados na luta das empresas e das ruas,
«veteranos», sim, além disso, mas só de outros congressos ou
reuniões clandestinas. Lembro-me de ser «filha» da «criada»,
talvez no IV Congresso, sempre a cirandar no jardim da vivenda
onde se realizou, para poder avisar lá para dentro de algum
movimento anormal no exterior; lembro-me da sala fechada onde os
camaradas reuniam, de ter visto raros e esses, sobretudo, durante
a noite, tudo às escuras, vigiando à vez atrás das cortinas.
Dos sussuros, dos rostos preocupados, da comida repartida mas dos
mimos por que alguns se deixavam adivinhar: a maçã que
«sobrara», de presente, ou um esplendoroso cesto de laranjas...
desenhado e colorido a preceito.
O VI Congresso não foi nada assim.
Tinham chegado, e sem perdas, umas dezenas de camaradas - a maior
parte após uma arriscada viagem clandestina, a salto nas
fronteiras de Portugal e Espanha, com documentos falsos que o
«aparelho de fronteira», sempre no interior e com meios
próprios, preparara e coordenara com os camaradas que já se
encontravam no estrangeiro. Foi uma primeira grande vitória,
saudada com abraços e até com cantigas! Após o Congresso, eles
e os responsáveis por essas viagens correriam os mesmos perigos
para nos fazer a todos regressar, levando de volta as palavras e
a confiança nascidas no Congresso para prosseguir a luta.
Mas foi entre estes dois momentos que a diferença se fez.
Embora não
soubéssemos em que lugar concreto nos encontrávamos (confesso
que ainda hoje, se alguém fala no «Congresso de Kiev», me
ponho a olhar em redor: «Será comigo??»), sabíamos que
estávamos na União Soviética. Em segurança. Rodeados de
amigos. Havia uma grande mesa para todos os congressistas e entre
eles estavam - saídos da sombra, da cadeia, da tortura - alguns
dos nossos heróis. As sessões faziam-se durante o dia e à
noite quando era preciso, grandes janelas rasgavam-se para um
parque, na sala de refeições conversava-se animadamente, nos
intervalos passeava-se ao ar livre, à noite o sono podia ser
tranquilo (embora devesse haver quem não tivesse tempo para
dormir...) Afinal, a liberdade é hoje! O facto de todos
continuarem a usar pseudónimos e respeitarem confidências não
impedia a discussão franca, a afectividade, esse tratamento que
até aí, por mais calorosa que fosse a discussão, tinha que ser
sussurrado: camarada!
E o VI Congresso ficou-me tal-qual: na letra e na forma.
Irrelevante que tenha sido (como foi de facto) a minha
contribuição, lembro-me que no fim os documentos e
orientações que traçou eram tão meus como se os tivesse
escrito palavra a palavra, e tão revigorantes como o ar que se
respirava naquele lugar soviético (Kiev, disse?).
Até ao 25 de Abril foram quase nove anos. Muitos e muitos de nós caíram ainda, e todos sabíamos o que podia significar a prisão. Mas a Liberdade nunca mais foi pelo menos...
A solicitação do
José Casanova para trazer agora ao «Avante!» recordações do
VI Congresso, obrigou-me a exercícios de memória, tanto mais
desapoiados porquanto não tenho aqui comigo, no Algarve,
documentos que me permitam um trabalho aprofundado.
Confiando em que outros depoimentos tracem com maior rigor
histórico a extraordinária importância deste congresso para o
processo revolucionário que culminou no 25 de Abril, sinto-me
mais à vontade para reviver memórias soltas, momentos,
camaradas.
Ter sido delegada ao VI Congresso marcou profundamente a minha
vida de militante. Uma experiência exaltante, de esperança,
confiança, reforço da nossa firmeza para a luta.
Não se tratava de um entusiasmo de momento, de punho no ar ao
som da Internacional. Também isso recordo, e foi emocionante por
ser tão raramente possível nessa altura. Sentíamos todos,
estou certa, participando ali connosco, em uníssono e com a
mesma força, os camaradas presos, os que tinham morrido na luta,
os que continuavam nos seus postos de combate no interior do
País.
Mas o VI Congresso significou muito mais. Deu-nos a confiança no
caminho certo, a clarificação de objectivos, decorrente do
estudo profundo da realidade nacional, que durante todo o ano
anterior vínhamos discutindo em todas as organizações do
Partido, com base no Relatório do camarada Álvaro Cunhal, o
«Rumo à Vitória» de Abril de 1964, apresentado ao Comité
Central exactamente dez anos antes do 25 de Abril.
É difícil, para quem não viveu essa época, imaginar hoje o
que foi aquele ano de preparação do Congresso, em plena
clandestinidade, as dificuldades para a preparação activa dos
militantes, os contributos que chegaram de tantos camaradas, até
mesmo enviados das prisões fascistas. Também esse esforço para
o mais amplo trabalho colectivo nas condições possíveis e uma
grande democraticidade no estilo de trabalho concorreu para os
resultados do Congresso.
Creio que todos os delegados sentiram que este congresso marcava
uma viragem, e o camarada Álvaro Cunhal definiu isso bem quando
disse que o nosso Partido tem sido o grande Partido da
resistência antifascista e vai tornar-se o Partido da vitória
sobre o fascismo.
O ponto mais importante foi sem dúvida a aprovação do Programa
que, partindo da análise das realidades portuguesas e da
definição do regime como «uma ditadura terrorista dos
monopólios, aliados ao imperialismo estrangeiro, e dos
latifundiários», traçava a via revolucionária insurreccional
para o derrubamento do fascismo, a política de alianças e os
objectivos da Revolução Democrática e Nacional. Ficou bem
claro o carácter antimonopolista, antilatifundista,
anticolonialista e anti-imperialista da Revolução Portuguesa.
Nessa perspectiva, o Programa aprovado no VI Congresso foi o
cimento da unidade ideológica do Partido, que transcendeu em
muito as nossas fileiras e influenciou amplos sectores
democráticos e antifascistas, tal como, anos mais tarde, veio a
influenciar o Movimento das Forças Armadas.
Como o camarada Sérgio Vilarigues, relator do Programa, afirmou,
o Programa do Partido é um documento para a acção e que só na
acção pode ser realizado. O papel do nosso Partido para o 25 de
Abril bem o confirmou.
Outro momento importante do Congresso foi a discussão foi a
discussão e aprovação dos Estatutos. O camarada Francisco
Miguel, com aquele seu ar modesto que todos lhe conhecemos e a
firmeza de convicções que sempre o caracterizou, fez uma defesa
muito clara da proposta de Estatutos, quanto às alterações que
corrigiam o desvio de direita do V Congresso. Vincou que, sendo
os Estatutos a base da unidade orgânica do Partido, depois deles
aprovados não é admissível infringi-los, violar a disciplina
ou atacar a unidade do Partido.
Recordo, por fim, o
grande camarada e grande amigo, o homem bom que foi Manuel
Rodrigues da Silva. Coube-lhe dizer as palavras de abertura do
Congresso, o que fez com uma emoção contida e discreta, que
não escondia ser aquele um momento muito feliz da sua vida.
Tinha sido libertado e chegado à União Soviética havia pouco
tempo, depois de cumpridos 23 anos de prisão, com a saúde tão
arruinada que viria a morrer três anos depois do Congresso, em
Agosto de 1968.
Ele fez um apelo aos delegados, que era então, como agora, de
particular importância, lembrando que de nós dependia fazer do
Congresso um grande motor para o reforço da organização, da
unidade de pensamento e de acção de todo o Partido.