França
35
horas
com saldo positivo
Um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (Insee) revela que, um mês após a sua entrada em vigor, a semana de trabalho de 35 horas em França não provocou a catástrofe anunciada por organizações patronais e boa parte dos economistas.
Segundo o
relatório, o aumento da hora de trabalho, resultante da
redução do horário de trabalho e da manutenção dos
salários, não foi além de 0,5 por cento. De acordo com aquele
organismo, esse aumento é largamente compensado pela moderação
salarial permitida pela nova legislação, bem como pela
redução das taxas fiscais aplicadas aos salários, pelos
incentivos à contratação, pelo aumento da produtividade e pela
flexibilidade laboral.
Os dados do Insee revelam ainda que os salários subiram cerca de
dois por cento, enquanto a inflação se mantém em um por cento.
Por outro lado, a criação de emprego ultrapassou a taxa de
crescimento de 3,4 por cento registada em 1999, o que segundo o
estudo confirma indirectamente o impacto da lei na redução do
desemprego, embora ficando muito longe dos anúncios oficiais. As
autoridades francesas falam na criação ou manutenção de 180
000 postos de trabalho com a entrada em vigor das 35 horas de
trabalho semanal, enquanto o Insee indica que no ano passado a
referida legislação permitiu a criação de 50 000 empregos, ou
seja, 13 por cento.
Os dados agora revelados pelas estatísticas francesas não
deixam no entanto de sublinhar que o balanço é ainda
provisório, atendendo ao facto de estar em vigor o regime de
transição, durante o qual as horas extraordinárias cumpridas
entre as 35 estabelecidas pela legislação e as 39 horas do
regime anterior serem apenas acrescidas em 10 por cento. Passado
este período, refere o Insee, o preço da hora de trabalho
aumentará, o que poderá não provocar problemas de maior se
continuar nos próximos anos o crescimento económico registado
até agora (para este ano as perspectivas são de 3,7 do Produto
Interno Bruto), e se os níveis de aumento da produtividade se
mantiverem. Graças à conjuntura económica favorável, o
número de desempregados está abaixo da barreira dos 2,5
milhões (pela primeira vez desde 1992), devendo situar-se nos
próximos meses aquém dos 10 por cento da população activa.