Educação
Defender a qualidade do ensino



O Encontro Nacional do PCP sobre Educação reuniu, no sábado passado, professores, educadores, pais e autarcas comunistas que discutiram exaustivamente os principais problemas que afectam o ensino..

O subfinanciamento do ensino superior, o excesso de alunos por turma, as más condições em que funcionam muitos jardins de infância, a política de exclusão prosseguida pelo Governo foram algumas das questões descritas neste encontro que, através de um dos intervenientes, lamentou que não exista uma maior mobilização e envolvimento dos pais na busca de soluções para os problemas.
A situação dos trabalhadores-estudantes, dificultada pelo incumprimento da lei por parte das empresas e das escolas, foi outra questão vista com preocupação, ainda que a discussão recaísse demoradamente sobre o estado em que se encontra o pré-escolar. Desde educadores que têm de prescindir da sua hora de almoço para alimentar as crianças, até aos horários de funcionamento dos jardins de infância, as queixas foram muitas.
Carlos Carvalhas, que juntamente com Edgar Correia, da Comissão Política, participou no debate e iniciou o debate, começou por referir alguns dados oficiais - a existência de 230 mil alunos repetentes no sistema básico e secundário, sem contar com aqueles que desistem e cerca de 22 mil licenciados desempregados - que, na sua opinião, são reveladores da situação do ensino e do descontentamento que existe.


Descontentamento na rua

.Assim, os estudantes do ensino secundário, descontentes com a falta de condições educativas em muitas escolas, com a acrescida selectividade da avaliação e as dificuldades de acesso ao ensino superior e, ainda, com o que se anuncia quanto aos novos currículos e moldes de reorganização do ensino secundário «regressaram às ruas» enquanto os professores decidem prosseguir a luta e realizar uma greve no final de Maio exigindo, entre outras reivindicações, melhores condições para o exercício da profissão e o cumprimento pela tutela do acordado em relação ao estatuto da carreira docente.
Ao nível do ensino superior, são «as continuadas críticas e protesto» de estudantes, professores, reitores e outros responsáveis académicos, nomeadamente em relação à política de subfinanciamento, de cortes no orçamento de investimento e subtracção do valor das propinas à transferência que o Estado deveria fazer, ou, ainda, em relação ao conceito do estudante-elegível e ao problema das saídas profissionais e do desemprego de licenciados.
Mas, a par do crescente descontentamento em relação à política do Governo, na opinião de Carlos Carvalhas, verifica-se uma «crescente intervenção do movimento associativo de pais e encarregados de educação na procura de respostas» para os problemas e pela defesa da qualidade do ensino e contra o insucesso escolar.


«Avante!» Nº 1376 - 13.Abril.2000