Por melhores salários e emprego com direitos
Aumentam as lutas



O protesto dos trabalhadores continua a crescer, instigado pelo aumento do preço dos combustíveis, que agravou a injustiça de muitas actualizações salariais.


A intensificação das lutas, após a grande manifestação de 23 de Março, tem sido simultaneamente previsão e apelo, presente no Plenário Nacional de Sindicatos da CGTP-IN, dia 6, e no 6.º Congresso da União dos Sindicatos de Aveiro, dia 7. «O 1.º de Maio pode e deve dar um impulso renovado na reivindicação para um aumento real dos salários», declara a central, no manifesto para as comemorações do Dia do Trabalhador, divulgado esta semana.
Na Administração Pública, onde a imposição de 2,5 por cento de actualização salarial suscitou grande descontentamento, está marcada greve para dia 9 de Maio.
Os trabalhadores da Carris, do Metro e da CP têm demonstrado a sua determinação de não aceitar o tecto de 3 por cento e, depois de realizarem greves com forte adesão nos últimos dias, marcaram nova jornada para a próxima terça-feira.
Na construção e nas madeiras, várias empresas já decidiram aplicar aumentos salariais superiores aos que os representantes patronais teimam em manter nas negociações com os sindicatos. Nas obras, a proposta patronal significa mais 1900 escudos por mês (2500 escudos os operários especializados) e mais 25 escudos de subsídio de almoço. Nova greve está marcada para quarta-feira.
Muitas outras lutas laborais estão em curso ou agendadas. Hoje fazem greve as trabalhadoras que na CM de Lisboa desempenham funções de auxiliares técnicas de educação e que ainda não viram a correspondente carreira profissional criada no Quadro de Pessoal do município. Na Universidade do Algarve estiveram em greve na semana passada os trabalhadores do regime especial dos serviços de Acção Social, pela revisão de carreiras. Também na semana passada, os trabalhadores do semanário «Expresso» aprovaram a realização de um dia de greve, contra a intenção da administração de não aumentar os salários a alguns funcionários. Na Anodipol, em Pombal, esta semana é de greve de uma hora por turno, todos os dias, porque a administração recusa qualquer aumento salarial, apesar de os ordenados serem muito baixos. Em Penacova, cerca de 25 trabalhadores da Aguieira Móveis permaneceram segunda e terça-feira à porta da empresa, que os contratou a prazo, como indiferenciados e a receber ordenados de 60 contos, ainda não lhes pagou Fevereiro e Março e quis despedi-los sexta-feira.

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Calendário


Hoje
estão em greve os trabalhadores da refinaria de Sines da Petrogal, admitindo a Fequimetal/CGTP que a paralisação prossiga amanhã e sábado, depois da série de greves realizada desde 3 de Abril.
Dia 18 voltam a parar, nas primeiras cinco horas, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, decisão unânime tomada em plenário durante a greve de anteontem. Também durante cinco horas, de manhã, fazem greve na próxima terça-feira os trabalhadores da Carris, que anteontem paralisaram a circulação a quase cem por cento. Os trabalhadores do sector ferroviário entram igualmente em greve no dia 18.
Ontem estiveram em greve, no segundo período de laboração, os trabalhadores da construção civil e obras públicas e das madeiras.

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Carteiros vão parar


O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações marcou para os dias 26, 27 e 28 de Abril uma greve dos carteiros do distrito de Lisboa, para exigir dos CTT o reconhecimento formal do horário contínuo que, na prática, já existe. Os carteiros são impedidos de usufruir das pausas para almoço, devido ao excesso de serviço e de correspondência urgente – se não a entregarem, ainda que para tal não chegue o tempo previsto no horário de trabalho, os carteiros são penalizados com processos disciplinares.
Decorre ainda greve ao trabalho extraordinário e está marcada uma concentração para dia 26.


«Avante!» Nº 1376 - 13.Abril.2000