PCP interpela
Governo e exige
Mais
emprego com direitos
A qualidade do emprego degrada-se a olhos vistos no nosso País, como crescem a precariedade e a violação dos direitos dos trabalhadores. O PCP demonstrou-o, ontem, no Parlamento, e desafiou o Governo a mudar de política.
Para o centro do debate, suscitado pela bancada comunista sob a
forma de interpelação ao Governo, foram convocados factos e
situações concretas da vida real que desmentem as anunciadas
boas intenções que enchem discursos em cimeiras e entrevistas
ministeriais.
Os testemunhos são muitos. E comum a todos eles é a tentativa
de pôr em causa o direito ao trabalho, um direito civilizacional
conquistado pela luta de gerações neste século. É disso que
se trata quando se fala da proliferação de empresas de trabalho
temporário ou de aluguer de mão-de-obra, onde os mais
elementares direitos são espezinhados, ou quando se assiste, a
pretexto de processos de reestruturação de empresas, à
liquidação de direitos e garantias adquiridos pelos
trabalhadores.
Antecipando ao «Avante!» algumas daquelas que são
preocupações da bancada comunista neste capítulo e que ontem
colocadas no debate, Lino de Carvalho, que proferiu a
intervenção de abertura, erigiu o combate a este modelo de
economia neoliberal em que se anuncia o «fim do trabalho» como
uma questão central.
Tal anuncio, do seu ponto de vista, é justificado pela tentativa
de «melhor explorarem os trabalhadores» e tem por base o
pressuposto de que o trabalhador é «uma peça descartável»,
funcionando a precarização das relações laborais e a
segmentação dos processos produtivos e sociais» como
instrumento que visa fragilizar a capacidade reivindicativa do
mundo laboral e diminuir a sua intervenção nos movimentos
sociais.
Escandalosa é também a violação de direitos dos trabalhadores
que ocorre em empresas de vários sectores de actividade, perante
a complacência ou ineficácia da Inspecção Geral do Trabalho.
Para Lino de Carvalho e este foi outro desafio lançado ao
Governo urge criar condições no plano político e
legislativo para que a IGT e o IDICT actuem com eficácia no
terreno.
A defesa dos salários é outra das questões a que o PCP atribui
a máxima importância «temos a mais baixa média
salarial europeia e a mais injusta repartição da riqueza»,
lembrou Lino de Carvalho -, preconizando, por isso, o crescimento
dos salários e das pensões e reformas, e desde já os dos
trabalhadores da administração pública.