PCP propõe
criação de Institutos Regionais em substituição das actuais
CCRs
Desconcentrar
para melhor gerir
Promover uma desconcentração participada, abrindo espaço à intervenção dos eleitos municipais no processo de desenvolvimento regional, tal é, em suma, um dos principais objectivos do projecto de lei do PCP que prevê a criação de cinco Institutos Regionais
Correspondendo às áreas das actuais CCRs, que serão
extintas com a sua criação, estes Institutos são «órgãos da
Administração Indirecta do Estado, tutelados pelo Governo
através do Ministério do Planeamento».
Não são, por conseguinte, como chamou a atenção em
conferência de imprensa o deputado comunista João Amaral,
«autarquias com órgãos directamente eleitos pela
população», do mesmo modo que «não são as regiões
administrativas previstas na Constituição».
Mas nos seus principais órgãos, assegurou, figuram
representantes dos municípios da área abrangida, como é o caso
do Conselho Consultivo Regional onde têm assento todos os
presidentes de Câmara.
O diploma prevê igualmente a criação de um outro órgão de
natureza consultiva o Conselho Coordenador Regional
, constituído por entidades representantivas da respectiva
área, desde as universidades até às associações sindicais e
empresariais, passando por gabinetes de apoio técnico e
responsáveis de serviços desconcentrados do Estado, ao qual
competirá «emitir pareceres e trocar pontos de vista» visando
a obtenção de maior grau de «eficiência e coordenação».
Desconcentração participada
Com o sistema de
direcção proposto, trata-se, em síntese, como referiu João
Amaral, de desenvolver o «processo de desconcentração, ligando
em cada região os representantes do Governo e dos eleitos
locais».
Entre as funções atribuídas aos Institutos estão as de
estudo, de coordenação de serviços desconcentrados, de
participação na elaboração e execução dos planos de
desenvolvimento económicos, social e de apoio técnico e
financeiro e administrativo às autarquias locais. Relevante é
ainda o papel que lhes é conferido nos sistema de incentivo, na
estrutura orgânica do Quadro Comunitário de Apoio, na gestão
dos fundos comunitários, na gestão e ordenamento do território
e nos programas operacionais de âmbito regional.
Democratizar o Estado
E se estes
institutos não podem confundir-se com as regiões
administrativas, como fez notar João Amaral, não é menos
verdade que esta iniciativa não pode ser interpretada como
qualquer desistência do PCP quanto ao processo de criação das
regiões. O resultado do referendo, por si aceite, leva-o a não
colocar na ordem do dia a criação das regiões administrativas.
Mas «elas continuam previstas na Constituição», como
sublinhou o deputado comunista, constituindo «um instrumento
muito importante para a democratização do Estado» e para um
«desenvolvimento regional equilibrado», pelo qual o PCP
continuará a batalhar.
Mas não é este o objecto do diploma agora apresentado. Por ora,
como foi sublinhado, trata-se de «dar às estruturas
desconcentradas do Estado a nível regional uma nova dinâmica
onde as autarquias locais tenham um papel activo». Por outras
palavras, uma alternativa ao «reforço do poder central, como
visa o Governo com a criação dos Comissários Regionais, uns
verdadeiros super-boys que só servem para mais controlo ainda do
Terreiro do Paço sobre a realidade do país».