INTERNET
Linux,
o sistema operativo comunista
Por Jorge Figueiredo
A Internet
é uma ferramenta maravilhosa e com um enorme potencial. A
sua principal força é permitir a cooperação e a troca de
informações entre pessoas de todo o mundo ela é
internacionalista por natureza. Contudo, este potencial não pode
ser completamente atingido no modo de produção capitalista, que
é baseado na competição e não na cooperação. A busca do
lucro máximo comanda o sistema. A lei do desenvolvimento
desigual e combinado também se aplica plenamente à Internet:
basta ver as abissais diferenças de acesso à rede entre os
continentes, os países, as regiões de um mesmo país e as
classes sociais de cada país.
Um exemplo da gigantesca potencialidade de cooperação da Internet
foi a elaboração do sistema operativo Linux. O projecto
foi lançado por um finlandês (Linus Torvalds), que decidiu
tornar público o programa-fonte. Assim, nele puderam trabalhar
centenas de programadores de todo o mundo, que também
desenvolveram inúmeras aplicações. Isto resultou num sistema
operativo melhor do que o Windows. Foi a vitória da
cooperação sobre o monopólio. A Microsoft foi batida em
qualidade de produto (não ainda em domínio de mercado, mas isto
é tema para outra conversa). Pode-se dizer que o Linux é
um sistema operativo comunista, por ser o resultado de um
esforço colectivo organizado e por ser cedido de borla a quem
dele necessitar. Isto é progresso verdadeiro, ainda que sem
lantejoulas publicitárias. Trata-se de um avanço real para a
humanidade.
Isto vem a propósito da «notícia» que circulou na rede no
passado dia 24 de Março: a Assembleia Nacional Francesa teria
decidido aprovar uma Resolução (n.º 495, especificava-se no
texto) proibindo todos os serviços públicos do país de usarem
qualquer software com programa-fonte fechado. Isto
significaria a eliminação da dobradinha Windows-Office
do serviço público, que obriga o Estado a gastar milhões com softwares
(pesados, caros, cheios de bugs, e sempre a
desactualizar-se) e com renovações constantes de hardware
(para aguentar os softwares cada vez mais pesados). Ou
seja, uma lei assim abriria caminho para os sistemas operativos e
as aplicações abertas, como as do Linux. Seria bom que
este boato fosse verdadeiro. Mas uma pesquisa no sítio da
Assembleia Nacional Francesa (www.assemblee-nat.fr) não
indicou a existência da dita Resolução 495. A França,
governada pelo capital monopolista (ainda que com roupagens
socialistas), continua submissa à ditadura da Microsoft.
O sítio da Associação Francesa de Utilizadores Linux (www.aful.org)
dá conta de preocupação inversa: os governos europeus encaram
a possibilidade de legalizar, em 24 e 25 de Junho próximo, a
patenteabilidade de software. Até agora a convenção de
Munique garante a não patenteabilidade, o que dá à Europa uma
vantagem competitiva em relação aos EUA. Mas se esta
disposição for revogada isso será mais um passo na escalada da
globalização neoliberal, uma vitória dos monopólios.
Sítio da semana
Outra guerra, mais cruenta, é a luta do povo colombiano contra a oligarquia que infelicita o país, com o apoio das forças armadas locais, de organizações paramilitares criminosas e do imperialismo ianque. Esta guerra brutal trava-se por trás de uma muralha de silêncio, pois os media mundiais quase não se lhe referem. No entanto, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Ejercito Popular (FARC-EP) mantêm há décadas uma luta heróica pela libertação nacional, com uma forte base de apoio entre o campesinato. A página principal das FARC-EP pode ser vista em: http://burn.ucsd.edu/~farc-ep/
A intervenção militar ianque na Colômbia já começou, embora a comunicação social o esconda. O Congresso norte-americano fixou em 289 milhões de dólares a «ajuda de segurança» à Colômbia (é o maior receptor, depois de Israel e Egipto). E o general Barry McCaffrey, do Comando Sul, pediu que a verba fosse elevada para mil milhões. O pretexto para isso é o combate ao narcotráfico como se a CIA não fosse a maior traficante do mundo (como se verificou na América Central e no Sudeste asiático, com a utilização do dinheiro da droga para o financiamento das suas guerras sujas). Neste momento há mais de 300 militares ianques na Colômbia, além de muitos outros em bases nos países vizinhos (Equador e Panamá) encarregadas da espionagem electrónica no subcontinente latino-americano.
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