Abolição das armas nucleares
Este Maio próximo passarão cinquenta e
cinco anos sobre o fim da segunda guerra mundial, que destruiu a
Europa e levou a morte a mais de cinquenta milhões de seres
humanos. Os responsáveis por semelhante barbárie foram os
regimes nazi-fascistas, sobretudo os regimes hitleriano e
mussulinianos. É bom tê-lo presente neste momento em que na
Europa os neo-fascistas na Áustria, Suíça, Bélgica e na
própria Alemanha, levantam a cabeça e ganham posições tirando
partido da política neoliberal levada cabo pela direita e os
socialistas.
O ano passado a Europa voltou a ser palco de guerra nos Balcãs,
devido à agressão dos EUA e da NATO à Jugoslávia, a pretexto
da limpeza étnica dos albaneses pelos sérvios, hoje desmentida
universalmente.
Assistimos a uma política intervencionista por parte dos EUA e
da própria União Europeia, que para concorrer com os EUA, se
vai transformando num novo bloco político-militar.
No limiar de um novo milénio, a Humanidade continua a viver num
mundo repleto de perigos bélicos. Mostrando bem o quanto era
hipócrita a chamada ameaça soviética, os EUA e a NATO e as
principais potências capitalistas em vez de pararem a corrida
aos armamentos, antes a têm acelerado, buscando a todo o custo o
domínio mundial.
Os EUA têm aumentado como nunca o
orçamento da defesa. Para os próximos cinco anos Clinton pediu
dezassete biliões de escudos. Os círculos dirigentes
norte-americanos consideram ser possível a partir do Espaço
lançarem um ataque nuclear fulminante e defenderem-se de ataques
nucleares. Prosseguem a corrida à miniaturização das armas
nucleares e as experiências nucleares em laboratórios. Por todo
o lado se ouve os governos das grandes potências capitalistas
pedirem mais dinheiro para comprarem mais armas. A segurança
significa para estes governos acelerar a corrida aos armamentos,
pretendendo ocultar que a verdadeira segurança reside nas
condições socio-económicas que os povos disfrutam.
Nestas circunstâncias todos querem ser os melhor armados (EUA e
U.E.) para imporem ao mundo a sua lei, ou seja, a sua hegemonia.
Enquanto for necessário e útil asseguram a cooperação que
mantêm na NATO; quando as rivalidades se acentuarem e os
interesses se opuserem de modo grave, é natural que o perigo de
guerra possa crescer, como tem sido ao longo da História, salvo
no período de coexistência entre capitalismo e socialismo. O
desequilíbrio é sempre perigoso, há sempre a tendência para o
usar em proveito próprio. A corrida ao domínio dos recursos
energéticos como o petróleo é bem evidente na guerra do Golfo,
dos Balcãs e na tentativa de desintegração da Rússia na
Tchechénia.
É, pois, de enorme importância que as diversas organizações
sociais, os trabalhadores, os povos e os homens e mulheres se
mobilizem contra os tempos de guerra, contra a corrida aos
armamentos, e sobretudo contra as armas nucleares.
O Conselho Português para a Paz e
Cooperação lançou em Portugal uma campanha pela «Abolição
2000», no quadro do movimento internacional para a eliminação
das armas nucleares, subscrito por mais de 1.000 organizações
dos cinco continentes. No fundo trata-se de uma campanha pela
abolição das armas nucleares e pelo fim dos ensaios nucleares.
Os comunistas têm o dever de contribuir para que esta campanha
atinja o movimento operário, sindical, os eleitos, os
intelectuais, os meios religiosos, os jovens, as mulheres e toda
a população. É bom lembrar que Portugal atrelado à carro de
guerra dos EUA, foi dos últimos países a ratificar o Tratado de
Não Proliferação das Armas Nucleares. Portugal só tem a
ganhar, aliás, como todos os povos e países do mundo, em ver-se
livre das armas nucleares.
Elas são a todos os níveis condenáveis. Mais condenável é
quem as tem e não se compromete a não as utilizar em primeiro
lugar como é o caso dos EUA e da NATO. É preciso desmascarar a
política da NATO e mostrar que ela constitui um verdadeiro
perigo para a Humanidade. A campanha «Abolição 2000»
permitirá mostrar uma questão nevrálgica: a política
imperialista dos EUA e da U.E. vai contra os interesses da
própria Humanidade. Domingos Lopes