Crescimento económico
Mais longe da convergência real



A Comissão Europeia está optimista em relação à economia portuguesa, cujo crescimento deverá atingir os 3,6 por cento este ano, acima dos 3,3 por cento avançados pelo Governo no Orçamento de Estado para 2000.


Todavia, apesar deste dado positivo, o facto é que Portugal continua longe do nível de desenvolvimento dos seus parceiros comunitários e este ritmo de crescimento não é de modo algum suficiente para permitir uma aproximação num futuro próximo.
É que a projecção de crescimento para 2000 na Europa a 15, também foi revista em alta passando de três por cento para 3,4 por cento, enquanto na zona euro (de 11 países) a taxa prevista subiu de 2,9 para 3,4 por cento.
Assim, a convergência real de Portugal com os restantes estados-membros sai a perder nas novas contas. Em 2000, o nosso país limitar-se-á a crescer marginalmente acima dos seus parceiros comunitários: apenas 0,2 pontos percentuais, segundo as actuais previsões, contra 0,3 pontos nas previsões anteriores.
Esta aproximação melhora apenas um pouco em 2001, ano em que a Comissão prevê um crescimento do PIB português de 3,5 por cento, ou seja deverá registar um abrandamento menos acentuado do que aquele que se antevê para o resto da Europa. Tanto a União Europeia como a zona euro deverão, em 2001, reduzir o ritmo de crescimento em 0,3 pontos para 3,1 por cento.
Em comparação com as economias de desenvolvimento semelhante, Portugal deverá registar ritmos de crescimento muito tímidos. Por exemplo, a Irlanda expandir-se-á 7,5 por cento, mantendo o forte ritmo dos últimos anos; a Grécia, que disputa com Portugal o último lugar da Europa em termos de prosperidade, crescerá 3,9 por cento, e a vizinha Espanha 3,8 por cento.
Se Portugal cresce acima da média, isso fica a dever-se essencialmente ao facto de a Alemanha e a Itália apresentarem das piores performances em termos de nível de actividade, apesar das melhorias em curso. Estima-se que o primeiro país cresça 2,9 por cento e o segundo 2,9.


Desequilíbrios agravam-se

Mesmo com previsões melhoradas, e apesar destas se deverem a uma intensificação das exportações, os desequilíbrios externos da economia portuguesa tenderão a agravar-se nos próximos anos. A CE estima que o défice da balança corrente (que agrega os saldos de mercadorias, serviços, rendimentos e transferência correntes) deverá passar dos 8,6 por cento do PIB em 1999 para 9,7 por cento em 2000, e 10,1 por cento em 2001. Para a Europa a 15, a CE estima para este ano um saldo positivo na balança corrente de 0,1 por cento do PIB, a que se seguirá uma melhoria para 0,3 por cento.
Em matéria de mercado de trabalho em Portugal, Bruxelas afirma que «a criação de empregos deverá continuar vigorosa em 2000», com o emprego total a crescer 1,3 por cento, neste ano e no próximo. No entanto, a taxa de desemprego manter-se-á em 2000 nos 4,5 por cento, caindo para 4,4 por cento em 2001.
Na Europa a 15, a taxa de desemprego deverá baixar este ano para 8,5 por cento, reduzindo-se para 7,9 por cento no ano seguinte. Na Europa a 11 (zona euro), o desemprego será este ano de 9,2 por cento da população activa, melhorando em 2001 para uma taxa de 8,5 por cento.


«Avante!» Nº 1376 - 13.Abril.2000