UE falha na cooperação com África
As conclusões da cimeira Europa-África, realizada no início deste mês no Cairo, «não estão à altura das necessidades e das possibilidades», considerou o deputado do PCP, Joaquim Miranda, observando foi colocado mais empenho na simples «realização do evento e na foto de família» do que na «concretização de uma estratégia para a parceria»
Joaquim Miranda, que
falava na sessão do Parlamento Europeu de terça-feira em que
foi debatida a cimeira, sublinhou que são «as questões
económicas que condicionam uma verdadeira aproximação dos dois
continentes».
Tal deve-se, em sua opinião, porque, por um lado, a União
Europeia tem como perspectiva a «transferência das relações
tradicionais para o âmbito da Organização Mundial do
Comércio»; por outro, porque «prevalece a prioridade concedida
ao alargamento e às relações com o leste europeu, o que ficou
bem evidenciado com os cortes nas despesas de cooperação para o
presente exercício orçamental».
Defendendo uma mudança de direcção no que toca à cooperação
com os países africanos, Miranda exigiu que o Parlamento Europeu
seja associado a este processo, de modo a que no futuro seja
possível alicerçar uma verdadeira parceria que ajude a atenuar
os enormes problemas aos níveis económico, ambiental, da
saúde, da educação, das infra-estruturas e da resolução de
conflitos, entre outros.
Na sessão o grupo da Esquerda Unitária apresentou uma proposta
de resolução que, entre outros pontos, solicita que a União
Europeia se comprometa a perdoar a integralidade da dívida
bilateral e multilateral dos países africanos e a abolir os
mecanismos que a geraram. A resolução solicita a instauração
de um Dia Europeu em memória das vítimas da escravatura e,
registando a marcação de uma próxima cimeira para 2003 na
Grécia, pede que seja dada periodicidade a estes encontros.