Depois de
um ano de discussão,
orçamento reduzido pode impedir sucesso da iniciativa
Parlamento
Europeu aprova Programa Juventude
O programa europeu Juventude pode contribuir para o incremento das iniciativas dos jovens. Contudo, o baixo orçamento e o seu alcance limitado constituem entraves para o sucesso.
O Parlamento Europeu (PE) aprovou na semana passada o orçamento
do Programa Juventude, com os votos favoráveis do Grupo
Confederal Esquerda, de que o PCP faz parte. Este programa inclui
o Serviço Voluntário Europeu e o «Juventude para a Europa» e
tem como objectivo reforçar o apoio às iniciativas destinadas a
ajudar os jovens a criarem a sua própria actividade.
A discussão do programa arrastou-se durante um ano. «Demasiado
tempo», acusa a deputada comunista Ilda Figueiredo, que
acrescenta que não houve uma compensação desse esforço na
verba acordada na conciliação. Foi aprovada uma dotação
orçamental de 104 milhões de contos para 7 anos, apesar da
primeira proposta do PE ter sido de 196 milhões de contos.
«É francamente inferior às necessidades do programa», afirma
Ilda Figueiredo, na sua declaração de voto.
Embora a aprovação do programa seja positiva, o seu alcance é
muito limitado, pois como refere a eurodeputada, «apenas se
reporta a uma faceta de uma necessária política de juventude,
que deve encarar de forma transversal as diferente realidades que
afectam os jovens, como a educação, o emprego, a habitação, a
saúde e a cultura».
No entanto, a entrada dos países candidatos à adesão da União
Europeia proporcionará o acesso de mais jovens a este programa,
o que enriquecerá a troca de experiências. Mas Ilda Figueiredo
levanta uma questão importante: será que com este orçamento a
iniciativa poderá vir a ter sucesso?
O processo negocial
A proposta inicial
do Parlamento Europeu para o orçamento do programa Juventude era
de 980 milhões de euros (196 milhões de contos) para um
período de 7 anos. Por seu lado, o Conselho Europeu propôs 350
milhões de euros (70 milhões de contos) para 5 anos.
O PE acabou por aceitar a proposta da Comissão Europeia de 765
milhões de euros (153 milhões de contos) para 7 anos, enquanto
o Conselho propôs 490 milhões de euros (98 milhões de contos)
para o mesmo período.
A 29 de Fevereiro, chegou-se a uma conciliação entre os dois
valores: 520 milhões de euros (104 milhões de contos) para um
período de sete anos, ou seja, menos 49 milhões de contos do
que a proposta inicial do parlamento.
Em 1999, o Serviço de Voluntariado Europeu e o programa
Juventude para a Europa tiveram uma dotação orçamental de 10
milhões de contos. Este ano, o programa Juventude tem uma
dotação de 15 milhões de contos.
Assim, a União Europeia aumentou em apenas 4 milhões de contos
o orçamento para as acções comunitárias dirigidas para os
jovens, apesar do seu número ter passado de dois para cinco. De
momento ainda não se sabe qual a fatia orçamental para cada
uma.
Discriminação
No programa são
referidas de forma vaga e difusa diversas formas de
discriminação. A Comissão compromete-se a «tê-las em conta»
ou a «fazer esforços» para contribuir para o seu fim, sem que
sejam estabelecidas medidas concretas.
Ilda Figueiredo sublinha que, além desta insuficiência, o
limite de idade de participação (dos 15 aos 25 anos, com
algumas excepções) pode contribuir para o insucesso da
iniciativa. Isto porque a idade média de conclusão dos cursos
superiores se aproxima muito dos 25 anos.
A eurodeputada refere ainda que é importante que se reforce o
papel e as responsabilidade das entidades responsáveis pela
divulgação do programa em cada Estado-membro, de forma a que
essa divulgação seja o mais eficiente e rápida possível.