Conselho das
Comunidades Portuguesas
Governo
quer impedir reunião mundial
O Grupo Parlamentar do PCP decidiu requerer ao Presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, Comunidades Portuguesas e Cooperação a vinda com urgência à Comissão do Secretário de Estado José Lello.
Na origem na
convocação está o questionário que o secretário de Estado
enviou aos membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, cujo
teor a Direcção da Organização na Emigração do PCP
considera «claramente ofensivo da autonomia e da dignidade
daquele órgão». O questionário «interfere», ainda, nas
atribuições próprias do Conselho e «constitui mais uma
tentativa ilegítima do Governo para impedir a realização este
ano em Portugal de uma reunião mundial dos conselheiros».
O CCP reclama há muito esta reunião, com o objectivo de avaliar
o seu trabalho e fazer o balanço à execução das suas
conclusões, antes de ser substituído nas eleições do próximo
ano, como impõe a sentença do Supremo Tribunal Administrativo.
O Governo quer, porém, substituir-se ao Conselho e pretende,
através de um questionário, «interpretar» a sua opinião
sobre o número de membros do Conselho Permanente, sobre o
método de eleição dos seus membros e sobre a possibilidade de
eleger o órgão «por correspondência» ou «por outra via»,
«apenas por esta vez». Ou seja, fazendo «tábua rasa» de uma
lei aprovada pela Assembleia da República.
De facto, o objectivo do Governo é, na opinião dos comunistas,
condicionar e limitar a autonomia do Conselho, recusando-lhe, a
pretexto de falta de verbas, os meios necessários ao seu eficaz
funcionamento. Mas o que falta é «vontade política», porque
quem foi capaz de, um mês depois da aprovação do Orçamento,
descobrir a possibilidade de «cortar cem milhões de contos de
despesas para enfrentar o problema» criado com os aumentos dos
combustíveis, também é capaz de descobrir uma solução para a
realização da reunião do CCP.