Políticas para a saúde devem ter em conta necessidades reais da população
Defender um SNS de qualidade



Promovido pela Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, realizou-se recentemente, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, um Encontro Regional sobre as questões da Saúde.


O Encontro, subordinado ao lema «Serviço Nacional de Saúde de Qualidade, Melhor Saúde, para a Península de Setúbal», reuniu cerca de 70 participantes – médicos, enfermeiros, outros técnicos de saúde, representantes de Comissões de Higiene e Saúde no Trabalho, membros de comissões de utentes, dirigentes sindicais, eleitos das autarquias – e teve a representação de várias instituições convidadas pela DORS. Uma participação diversificada que permitiu uma abordagem igualmente diversificada sobre a situação da saúde na Península de Setúbal, a partir de um documento de trabalho onde se faz a sua caracterização e se apresenta um conjunto de propostas para a defesa do SNS de qualidade.
As intervenções verificadas ao longo do debate, partindo sempre do princípio de que «é preciso defender o Serviço Nacional de Saúde», apontaram no sentido de que ele «só é possível» com políticas que tenham em conta as reais necessidades da população e assegurem aos profissionais de saúde condições dignas para o desempenho da sua actividade.
Foi claro no debate que a política para a Saúde que tem estado a ser seguida, nomeadamente pelo PS, se tem caracterizado por medidas «avulsas» que não respondem aos problemas de fundo do sistema.


Carências são grandes

Foram recenseadas inúmeras carências, de entre as quais se destacam algumas das mais importantes, como sejam o sub-financiamento do sistema; a falta de profissionais da saúde (mais de 100 mil utentes da Península de Setúbal não têm médico de família); a insuficiência e desadequação das instalações; a desumanização dos serviços de urgência hospitalar; os horários desadequados dos SAPs; a falta de consultas ao domicílio.
Outras carências apontadas dizem respeito à falta de apoio a doentes acamados no domicílio; às listas de espera para consultas de especialidade, cirurgia e exames complementares de diagnóstico; ao elevado preço dos medicamentos e dos meios complementares de diagnóstico e à desarticulação entre os vários serviços que prestam cuidados de saúde.
Simultaneamente, e a acompanhar este levantamento, o Encontro apresentou um conjunto de propostas indispensáveis para alterar o quadro que a saúde actualmente oferece e concluiu pela necessidade de se continuar a reflectir sobre algumas das propostas, nomeadamente no que respeita à rede hospitalar para a Península de Setúbal.
Os participantes colocaram, ainda, como questão central para a defesa e resolução dos problemas do SNS a separação clara entre o sector público e privado e defenderam a participação de profissionais, utentes, activistas de organizações associativas, membros do poder local e de outras instituições na definição das políticas, das prioridades e das estratégias para esta área e na avaliação dos resultados alcançados.


«Avante!» Nº 1377 - 20.Abril.2000