Subidas de preços reduzem salários reais
PCP reclama aumento de salários e pensões



Para o PCP, o aumento dos transportes públicos representa «uma nova e inaceitável penalização dos orçamentos familiares» e insere-se «numa orientação contrária à necessária aposta nos transportes públicos, que implica qualidade, regularidade, segurança e preços acessíveis».

Incidindo particularmente sobre os passes sociais (entre 2 por cento nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e 3,5 por cento nas restantes zonas do País), o aumento, anunciado na passada sexta-feira para o próximo dia 1 de Maio, abrange também os outros títulos de transporte e pode globalmente atingir os 4 por cento.
O Gabinete de Imprensa do PCP, a quem cabe a denúncia, considera que este aumento, somando-se ao já verificado no início de Fevereiro, vem acentuar ainda mais «a já injusta situação dos utentes dos transportes públicos em Portugal» que, de entre os utentes dos países da União Europeia, são «dos que maior fatia pagam do custo dos transportes».
Com esta medida, tomada a pretexto do impacto do aumento dos combustíveis e a seguir aos aumentos dos combustíveis, do gás, das taxas de juro sobre empréstimos e de outros preços, o Governo, para além de visar garantir os lucros das empresas de transportes, está a «agir deliberadamente para a redução do poder de compra da população».

De facto, a sua resistência ao aumento dos salários e das pensões, só confirma que «governa para os grupos económicos e os lobbies empresariais e contra os interesses dos trabalhadores e da população».


Fazer ouvir a indignação


Quando dos aumentos do preço do gás de uso doméstico - nomeadamente das botijas de gás, cujo preço subiu quase 19 por cento num espaço de seis meses, e do gás natural, que em menos de um ano sofreu três aumentos que totalizam cerca de 15 por cento -, o PCP considerou que eles anulavam os aumentos salariais e, em muitos casos, conduziam «a uma inadmissível redução dos salários reais».
Por exemplo, numa família com um rendimento de 100 000$00 mensais que tenha tido uma actualização salarial de 2,5 por cento e que consuma duas bilhas de gás por mês, só o aumento do gás lhe anula quase um terço do aumento salarial. Trata-se de uma degradação do rendimento da população que o PCP considera «inaceitável».
Por isso, o PCP exigiu então um aumento intercalar dos salários e das pensões de reforma. Agora, face aos aumentos dos transportes, os comunistas reclamam do Governo que «este aumento não vá para diante» e, apelando à população para que «faça ouvir a sua opinião e a sua indignação», de forma a evitar «que tal injustiça se concretize», renova a exigência de um aumento dos salários e das pensões de reforma que permita a reposição do poder de compra dos portugueses.


«Avante!» Nº 1377 - 20.Abril.2000