Greve da construção
saíu à rua no Porto



Várias centenas de trabalhadores da construção civil e obras públicas manifestaram-se no dia 12, no Porto, durante a greve por salários justias, por regalias sociais, contra a prepotência patronal e pela redução do horário de trabalho - informou a federação do sector, indicando níveis de adesão de 70 a 80 por cento, entre os trabalhadores com vínculo estável, e de 20 a 50 por cento nas empresas onde predomina o trabalho precário.

Os trabalhadores, que protestaram junto ao edifício da associação patronal do Norte (AICCOPN), cortaram a Rua Álvares Cabral durante cerca de cinco minutos, seguindo em marcha lenta até à Praça da República, num percurso de cerca de 500 metros. «Bufar ao balão é insulto do patrão» e «A luta continua» , foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos trabalhadores, que não aceitam os aumentos de 2,4 e de 3 por cento que o patronato pretende aplicar nos sectores da construção civil e das madeiras, respectivamente, exigindo aumentos de seis por cento, ao mesmo tempo que recusam a imposição do controlo diário e generalizado da taxa de alcoolemia, feito a mando dos patrões.
Nas contas feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, Pedreiras, Cerâmica e Materiais de Construção do Norte e Viseu, o aumento proposto pelo patronato para o subsídio de refeição apenas dá para comprar mais um pão por dia e o aumento salarial não chega para tomar mais um café». A recusa de tolerância de ponto para o dia 31 de Dezembro e a relutância do patronato em reduzir o horário de trabalho para as 39 horas semanais, são outros pontos considerados inaceitáveis pelos representantes dos trabalhadores.
As estruturas da CGTP recusam o acordo que outros «assinaram de cruz», saúdam os trabalhadores que estiveram na luta e asseguram que a retirada de direitos não se aplica aos seus sindicalizados. Exigem que os representantes patronais se sentem à mesa das negociações, tendo em conta as propostas da federação. Albano Ribeiro disse à Lusa que «se o patronato aceitasse aumentar cinco contos no salário de cada trabalhador, reduzir o horário de trabalho para as 39 horas e dar apenas meio dia de tolerância de ponto no Ano Novo, o acordo já estaria feito». Quanto ao teste de alccolemia, o dirigente sindical do Norte considerou que o «único problema é não ser feito por uma entidade independente».


«Avante!» Nº 1377 - 20.Abril.2000