Hospital do
Barlavento Algarvio
Hospital
novo, problemas velhos
Na síntese que dá forma ao título definiu a deputada comunista Natália Filipe o estado actual do Hospital Distrital do Barlavento Algarvio, inaugurado em Portimão com pompa e circunstância há pouco mais de meio ano.
Construído no tempo
record de dois anos e apresentado como o mais moderno e o mais
sofisticado hospital português, onde foram gastos cerca de nove
milhões de contos, como sublinhou a parlamentar do PCP, esta
unidade de saúde veio afinal a revelar como podem
irresponsavelmente ser gastos milhões de contos dos impostos dos
cidadãos «sem se efectuar um planaemento atempado em matéria
de recursos humanos» e sem cuidar de ouvir «os profissionais de
saúde envolvidos na prestação de cuidados».
Os testemunhos que comprovam a afirmação são muitos. Lembrado
por Natália Filipe foi, por exemplo, o facto de apenas 180 das
265 camas estarem operacionais, ao mesmo tempo que aumentam as
listas de espera, e quando já há macas nos corredores do
serviço de urgência face à incapacidade de resposta do
serviço de internamento. Elucidativo das incongruências do
modelo organizativo e de gestão é igualmente a existência de
serviços devidamente equipados mas que estão por abrir, como é
a circunstância de 12 gabinetes de consultas externas de
oftalmologia, com equipamento do mais moderno, funcionarem apenas
com dois médicos oftalmologistas, e, imagine-se, haver
equipamento com a mais moderna tecnologia ainda excaixotada ou
transitoriamente emprestado a outras unidades de saúde. Isto
para não falar da forte carência de enfermeiros, médicos,
técnicos de diagnóstico e terapêutica, entre outros.
Mas o mais escandaloso levando Natália Filipe a
interrogar-se sobre como tal é possível - talvez seja mesmo o
facto de estar prevista a realização de obras estruturantes de
remodelação, num edifício recentemente inaugurado, visando
tornar a urgência funcional.
A resposta deu-a ainda a deputada do PCP ao apontar o dedo ao
Governo e aos que o precederam, a quem acusou de
«irresponsabilidade política» na orientação do Serviço
Nacional de Saúde, designadamente em matéria de gestão e
planeamento das necessidasdes em recursos humanos. Quem sabe se
propositada, observou, para justificar uma qualquer solução
«milagrosa» que passe pela privatização da gestão do
Hospital.