Todos ao 25 de Abril!



Música, desporto, fogo de artifício, espectáculos de rua, manifestações – em resumo festa -, assinalam por todo o país o 25 de Abril. No «patamar de um novo século», as comemorações deste ano afirmam-se mais ainda «como uma manifestação de confiança em que o futuro será obra dos homens», como se diz no Apelo à Participação de que aqui fazemos breve síntese.


Sem nunca perder a oportunidade de «prestar homenagem a todos os democratas que contribuíram para devolver o direito de cidadania aos portugueses», as comemorações populares do 25 de Abril constituem agora, sobretudo, «uma ocasião para que se olhe de frente o futuro e se procure balizar os caminhos comuns, para consolidar e alargar o regime democrático estabelecido, visando um maior desenvolvimento e uma mais ampla justiça social», uma manifestação de confiança «em que o futuro será obra dos homens, para o bem ou para o mal, conforme prevaleçam os valores da solidariedade colectiva e do progresso, ou da estagnação e do egoísmo desagregador», afirma-se no Apelo à Participação.
Esta contraposição é o mote que percorre todo o Apelo, que faz uma crítica contundente do pensamento único «que as doutrinas neoliberais procuram difundir em toda a parte, desvaloriza a componente política, enquanto manifestação da vontade colectiva, no pressuposto de que, sendo o Mundo, em última instância, uma mercadoria, se afigura preferível desistir de fabricar o futuro e deixar o mercado à solta».
A constatação de uma realidade que leva a um alerta: «No alvorecer de um novo século, as perspectivas que se desenham para o futuro são pouco claras e tornam urgente que os valores da solidariedade, da paz e do progresso, prevaleçam sobre o desencadeamento das tendências destrutivas». Viragem que só será possível «se renascer no coração dos homens, contra o pensamento único que se esforçam por lhe inculcar, uma firme vontade de mudança do mundo».
Todos estes fenómenos também se reflectem a nível de Portugal. Um projecto para o nosso país, «como o resultado de uma larga convergência de vontades, capaz de galvanizar as energias colectivas, não poderá ter apenas uma construção tecnocrática e economicista. Terá de ser caldeado num ideário de progresso e de confiança no futuro», alertam os subscritores do Apelo.
Por tudo isso este «último 25 de Abril do milénio, já no patamar de um novo século, deverá, no contexto civilizacional a que pertencemos, constituir-se como um alerta e uma ocasião propícia para estabelecermos colectivamente uma rota a seguir, a fim de que a liberdade e a democracia continuem no futuro, tal como hoje, a ser jubilosamente celebradas no nosso país».
Razões de fundo para que todos participem nas comemorações populares do 25 de Abril.

_____

 

Comissão promotora


A Comissão Promotora das comemorações do 25 de Abril é composta pela Associação 25 de Abril, Associação Intervenção Democrática; Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, Partido Comunista Português, Partido Ecologista «Os Verdes», Partido Socialista, União Democrática Popular, União Geral de Trabalhadores, Partido Socialista Revolucionário, União dos Resistentes Antifascistas Portugueses.
O Apelo à participação é subscrito por muitas dezenas de pessoas, nomeadamente Albano Nunes, Alberto Arons de Carvalho, Alfredo Flores, Alice Vieira, Américo Nunes, António Andrez, António Borges Coelho, António Vitorino de Almeida, Blasco Hugo Fernandes, Carlos Carvalhas, Isabel Castro, Luís Fazenda, Luisa Irene Dias Amado, Manuel Alegre, Manuel Carvalho da Silva, Odete Santos, Rosa Coutinho, Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço.


«Avante!» Nº 1377 - 20.Abril.2000