Pequenos
países perdem representatividade com a reforma das
instituições
Ofensiva
federalista
Com o pretexto de que a União Europeia funciona mal devido ao complicado processo de decisão, o Parlamento Europeu avança com propostas drásticas que reforçam o poder dos grandes países
O relatório, que mereceu o voto contra de todos os deputados
portugueses, entre eles os do PCP, foi caracterizado por Joaquim
Miranda como «maximalista e desprovido de qualquer realismo»,
seguindo uma «opção federalizadora sem peias».
Na sua declaração de voto, o deputado do PCP criticou as
propostas de eliminação quase total da unanimidade, a
generalização do sistema de co-decisão, a
institucionalização dos partidos políticos europeus, a
criação de um círculo eleitoral europeu, a integração da
UEO, o reforço da Europol e a constitucionalização dos
tratados.
Mas se estas «são opções de que inequivocamente sempre nos
afastamos e de que nos continuamos a distanciar», afirmou
Miranda, o relatório do Parlamento vai mais longe propondo
«novos e inadmissíveis caminhos».
Com o argumento duma necessária adaptação institucional para
fazer face ao alargamento da União, o documento aponta para «um
reforço incomensurável do poder de decisão a diversos
níveis dos grandes países e uma diminuição
intolerável dos que são actualmente conferidos aos de pequena e
média dimensão». Segundo o deputado, as propostas em causa
«sugerem e incitam à criação de directórios políticos de
todo inadmissíveis, inclusivamente com a facilitação de
esquemas de «cooperação reforçada».
Na opinião do deputado «um tal corte radical com os
equilíbrios institucionais actualmente consagrados» resultaria
designadamente dos «ajustamentos» propostos para a futura
composição do Parlamento Europeu. A concretizarem-se,
significariam a total distorção da actual representatividade,
sendo quase eliminados do seu seio os partidos de pequena e
média dimensão dos países com menor representação
parlamentar como é o caso de Portugal.
Por outro lado, pretende-se limitar que o número de comissários
seja inferior ao número de Estados-membros, o que significa que
alguns não teriam assento na Comissão Europeia apesar desta ver
continuados os seus poderes exclusivos de iniciativa legislativa.
Os países pequenos seriam ainda prejudicados pela nova
ponderação de votos no Conselho.
O caminho
é democratizar
Opondo-se a tais opções, o Grupo da Esquerda Unitária frisa a
necessidade de ultrapassar ou pelo menos atenuar os profundos
défices democrático presentes, evidenciados na crescente
abstenção nos processos eleitoriais. Neste sentido, defende
«uma inequívoca associação dos parlamentos nacionais aos
processos de decisão; a necessidade de assegurar um efectivo e
fortalecido controlo da Comissão Executiva; alterar as
orientações monetaristas, nomeadamente o pacto de estabilidade,
que estão na base dos actuais flagelos sociais como o desemprego
e a precariedade do emprego; a alteração do Estatuto do Banco
Central Europeu de forma a garantir uma maior transparência, o
controlo e a limitação das suas competências; a necessidade de
ar corpo ao já consagrado princípio da coesão económica e
social, base indispensável para uma Europa solidária e de
futuro.