1.º de
Maio é ponto alto na intensificação da luta dos trabalhadores
Mais
razões nas ruas
Os aumentos dos preços dos combustíveis, dos transportes e outros produtos e serviços evidenciam a injustiça na distribuição da riqueza e a constante opção do Governo PS pelos favores ao capital.
A CGTP-IN apela à participação nas manifestações do 1.º de
Maio, para que o Dia do Trabalhador seja um ponto alto de
unidade, luta e solidariedade, por melhores salários e por
emprego com direitos.
Em Lisboa, as comemorações decorrem na Alameda Afonso
Henriques, onde intervirá Manuel Carvalho da Silva, após um
desfile que parte, às 15 horas, do Largo do Martim
Moniz. No Porto, Maio é festejado, também a partir
das 15 horas, na baixa. As iniciativas da Intersindical
Nacional estendem-se, como habitualmente, à generalidade das
capitais de distrito e a uma série de outras localidades.
Resposta pronta
«A impressionante
manifestação de 23 de Março, por emprego de qualidade e contra
a precariedade, abriu caminho para que o 1.º de Maio, o Dia
Internacional do Trabalhador, fique assinalado em todo o País
como um novo e mais forte momento de afirmação do sindicalismo
da CGTP-IN e da firme determinação dos trabalhadores
portugueses em redobrarem esforços na luta por melhores
salários e pelo emprego com direitos, nas empresas, nas ruas,
nas mesas negociais, a todos os níveis» afirma-se no
Manifesto da Inter para o Maio do ano 2000, em que se
assinalam também os 30 anos da fundação da central (1 de
Outubro).
A CGTP salienta que «o recente aumento do preço dos
combustíveis, com o consequente encarecimento de bens
essenciais, e das taxas de juro, penalizadoras dos salários,
exigem uma resposta pronta dos trabalhadores a que o 1.º de Maio
tem de dar a maior expressão», tornando-se «um momento alto de
mobilização, que continuará em 19 de Junho na
manifestação dos sindicatos europeus, no Porto, por ocasião da
Cimeira final da Presidência Portuguesa da União Europeia».
«Melhores salários, emprego e direitos, redução do horário
de trabalho» são as reivindicações em que a CGTP faz confluir
as razões que, nos últimos tempos, têm originado o protesto e
a luta de milhares de trabalhadores. A central quer que o 1.º de
Maio seja «uma pujante afirmação da nossa força colectiva»,
feita «com a festa e a luta, a determinação e a alegria de
quem exige a valorização do trabalho e a dignificação do
trabalhador».
Jornada internacionalista
Sendo uma data
«internacionalista por natureza», reafirma-se no Manifesto,
este Maio «constituirá também uma grande acção de
solidariedade com os trabalhadores do mundo inteiro, em especial
aqueles que mais estão sujeitos à exploração capitalista, os
que sofrem os horrores da guerra e os bloqueios imperialistas».
No Dia do Trabalhador vai fazer-se ouvir «um grande clamor
contra as políticas ultra-liberais da Organização Mundial do
Comércio, contra a política belicista e intervencionista dos
EUA e da NATO, exigindo adequadas e ajustadas instâncias
reguladoras internacionais» e «contra as políticas
globalizantes que geram desigualdades entre os países e nas
sociedades de cada país».
A Inter, recordando que a manifestação de 23 de Março
«demonstrou que é muito grande a indignação dos
trabalhadores», exige que o Governo e a União Europeia deixem
de dar «prioridade absoluta à liberalização económica» e
secundarizar as matérias sociais, e que, para matérias como a
formação profissional inicial e contínua, a qualificação
reconhecida e a igualdade no trabalho, definam compromissos
concretos e metas precisas a atingir, como fazem para a economia.
São exigidos compromissos e metas também para o combate à
precariedade, ao trabalho clandestino e ilegal e aos acidentes de
trabalho, para o respeito pelas leis e para a redução,
organização e controlo do horário de trabalho.
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Melhores
salários
é exigência justa
O Manifesto da CGTP
reafirma que «o emprego de qualidade, estável e justamente
remunerado é o único que respeita a dignidade dos
trabalhadores», salientando que o nível dos salários
portugueses «continua muito abaixo da média europeia», num
contexto em que «a economia portuguesa permite aumentos
sensíveis, que nos aproximem dos salários dos outros
trabalhadores europeus».
A central considera «inadmissível» a forma como o Governo
tenta impor aumentos salariais de 2,5 por cento na
Administração Pública e como o patronato continua a bloquear a
contratação colectiva, para manter os baixos salários.
Reafirmando que a previsão governamental de inflação já era
irrealista, a CGTP sublinha que, «com o brutal aumento do preço
dos combustíveis decidido no final do mês de Março (após o
aumento das taxas de juro, altamente penalizadoras do crédito à
habitação) os aumentos salariais impõem-se» e «há hoje
novas razões para lutar, por melhores salários».
No Manifesto refere-se ainda a discussão, em curso, sobre a Segurança
Social, que a Inter considera «um elemento
fundamental de solidariedade na sociedade». A CGTP vê a
Segurança Social como património dos trabalhadores, que a pagam
e sustentam, e rejeita «as chantagens políticas da direita». A
redução nas prestações da Segurança Social e o princípio de
que cada um escolhe o que quer são ideias que satisfazem
os interesses das seguradoras e do grande capital, afirma a
central, exigindo que a posição e os interesses dos
trabalhadores não sejam ignorados pelo poder.