Também a
política do medicamento
Só
contam outros interesses
O Governo, na pessoa da ministra da Saúde, anda a
discutir a política do medicamento unicamente com os parceiros
que detêm interesses económicos ou corporativos e esquece os
utentes que, na sua maioria, são trabalhadores e reformados. Ao
exprimir publicamente o seu protesto, na semana passada, a CGTP
exigiu que, urgentemente, a ministra discuta esta matéria
igualmente com as organizações sindicais.
Não
é negócio
Em comunicado de
imprensa, a Intersindical Nacional salienta que «o medicamento
é um instrumento de saúde e não um produto de consumo», pelo
que «qualquer alteração que não tenha bem presentes os
interesses da população a que se dirige pode causar graves
problemas sociais».
A central recorda, a propósito, algumas das medidas que tem
reclamado para tornar o medicamento mais acessível à maioria
dos utentes, tendo especialmente em conta os reformados e as
baixas pensões que a maioria deles aufere, mas evitando
simultaneamente o aumento das despesas do Estado. Entre outras,
são referidas:
a criação de farmácias hospitalares, que forneçam
medicamentos a preços mais baixos aos seus utentes,
a criação do Formulário Nacional de Medicamentos de
Ambulatório,
a prescrição por princípio activo, de acordo com
a designação comum internacional, em todas as instituições do
Serviço Nacional de Saúde, e
a implementação dos medicamentos genéricos.
O sistema de comparticipações deve ser alterado, defende ainda
a CGTP. Concretamente, propõe que seja alargado o conceito de
doença crónica e que sejam corrigidas as actuais injustiças na
aferição dos rendimentos que determina o escalão de
comparticipação a que o reformado tem acesso.
Por fim, a nota divulgada pelo Departamento de Informação da Inter
defende que sejam controladas as «formas agressivas e imorais de
actuação das multinacionais farmacêuticas». A CGTP considera
que «é intolerável a pressão que estas estão a exercer para
aumentarem os preços dos medicamentos». «Pedir a
harmonização dos preços com os países da União Europeia é
uma afronta aos trabalhadores e aos reformados portugueses, que
têm o nível de vida mais baixo da UE, sem esquecer que uma
parte substancial da população é pobre», protesta a central.