Banco Europeu pode decidir nova subida dos juros
Euro cai, preços sobem



A subida da taxa de juro deverá ser um dos principais pontos da agenda da reunião do Conselho de Governadores do BCE, que hoje, quinta-feira, se realiza em Frankfurt.


O boletim de Abril do Banco Central Europeu (BCE) constata que o excesso de liquidez, que se mantém no conjunto dos onze Estados da zona euro, bem como a fragilidade da moeda europeia (o Euro) ameaçam a estabilidade dos preços, tendo já conduzido ao aumento dos juros no mês de Março.
Como refere o boletim «a vitalidade da recuperação da actividade económica, as potenciais repercussões dos contínuos aumentos de preços das importações e no produtor sobre os preços no consumidor foram consideradas com um factor importante para as perspectivas de evolução dos preços a médio prazo».
Para este cenário, que tudo indica irá permanecer, contribui igualmente o comportamento da moeda única que «no dia 12 de Abril», refere o boletim, «encontrava-se cerca de três por cento abaixo do nível registado no início do ano e aproximadamente 13 por cento abaixo do nível registado no primeiro trimestre de 1999».
Assim, «os recentes aumentos registados na taxa de inflação da área do euro, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), devem-se, em grande medida, aos efeitos tanto dos preços do petróleo como da evolução da taxa de câmbio».


Inflação em alta

Mas esta situação pode agravar-se, alerta o BCE, notando que «é muito provável que não se tenha ainda completamente concretizado o impacto ascendente dos preços do petróleo e da evolução da taxa de câmbio nos últimos meses sobre os preços no consumidor». No mês de março, a inflação atingiu na zona euro os 2,1 por cento, ultrapassado a fasquia dos dois por cento pela primeira vez na história da moeda única.
Entretanto, desde 12 de Abril, a evolução da divisa europeia registou sete dias consecutivos de queda face ao dólar norte-americano e ao iene. Quarta-feira da semana passada, o euro atingiu mesmo um novo mínimo histórico cotando-se nos 0,9355 dólares. Este desempenho reforça a conclusão do BCE de que «a taxa de câmbio não refecte a constante melhoria das perspectivas de evolução económica para a área do euro».
Em parte a desvalorização do euro é explicada pela diferença das taxas de juro. Nos Estados Unidos, a taxa de referência é de seis por cento, ou seja mais 2,5 pontos percentuais dos que a referência europeia, sendo que os analistas prevêem que os EUA continuem a subir esta taxa. Por tudo isto, espera-se que o preço do dinheiro continue a subir na Europa dos Onze.


«Avante!» Nº 1378 - 27.Abril.2000