Crise
alimentar
afecta milhões de pessoas
Mais de três dezenas de países dos mais pobres do mundo enfrentam uma grave crise alimentar provocada por situações climatéricas adversas e pela guerra, e a situação poderá agravar-se ao longo deste ano e do próximo devido à queda da produção de cereais. O alerta foi dado recentemente pela Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU (FAO), segundo a qual a produção cerealífera no ano em curso e em 2001 não será suficiente para satisfazer as necessidades do planeta.
As zonas mais
críticas no que toca ao défice alimentar situam-se em África,
em particular no Leste do continente. Segundo a FAO, só no Corno
de África, a braços com vários anos consecutivos de seca e de
guerra, a fome atinge 16 milhões de pessoas. Na Etiópia, cuja
guerra com a Eritreia se reacendeu em 1998, mais de oito milhões
sofrem de carência alimentar; na Eritreia são pelo menos 600
000 as pessoas mais afectadas pela fome, enquanto na Somália
esse número se eleva para 1,2 milhões.
Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), serão necessárias
940.000 toneladas de ajuda alimentar para as vítimas da seca,
durante o ano em curso, das quais 830.000 toneladas para a
Etiópia.
Situações igualmente alarmantes de penúria alimentar se
registam no Quénia (2,7 milhões de pessoas afectadas), no
Sudão (2,4 milhões), na Tanzânia (800 000) e no Uganda (300
000).
As guerras civis provocaram ainda sérias crises alimentares na
Serra Leoa, Libéria e na República Democrática do Congo.
Noutras zonas do continente foram as inundações que causaram a
perda de parte significativa das colheitas, como é o caso do
Gana, Nigéria, Senegal, Mauritânia, Botsuana, África do Sul e
Zâmbia, embora nestes países a situação não seja tão
dramática como a que se vive em Moçambique e em Madagáscar,
dois países arrasados pelos temporais de Fevereiro e agora
completamente à mercê da ajuda internacional.