Luta cresce no Brasil a caminho da greve geral

RESISTÊNCIA Perto de dois milhões de pessoas saíram às ruas de mais de 200 cidades do Brasil, a 30 de Maio, em protesto contra os cortes na Educação e a reforma da Segurança Social. Dia 14 há greve geral.

Dez centrais sindicais uniram-se na convocação da greve geral

As mobilizações foram convocadas pela União Nacional de Estudantes (UNE) e outras estruturas estudantis e por organizações sindicais do sector da educação, tendo como motivos próximos a defesa do direito à aposentação e o combate aos anunciados cortes de verbas na educação, particularmente nas universidades e institutos federais. Numa primeira avaliação ao protesto, a presidente da UNE, Marianna Dias, garantiu que o dia 30 de Maio entra directamente para a história do país: «foi quando estudantes, professores, trabalhadores, pais, enfim, o povo brasileiro, voltou às ruas num grande tsunami. Para quem não acreditava, nós somos milhões».
Segundo os organizadores, as manifestações envolveram 300 mil pessoas em São Paulo, 200 mil em Belo Horizonte, 100 mil no Rio de Janeiro, em Fortaleza e no Recife, 70 mil em Salvador da Bahia, 60 mil em Belém, 50 mil em Natal, 20 mil em Curitiba e outros tantos em Florianópolis. Em Porto Alegre, a forte chuva que caiu não impediu milhares de pessoas de se manifestarem.
Esta grande jornada seguiu-se a uma outra, igualmente poderosa, realizada no dia 15. Dois dias depois, a 17, a UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a Associação Nacional de Pós-Graduandos emitiram um comunicado conjunto no qual acusavam o governo de Jair Bolsonaro de prosseguir «os ataques à educação», nomeadamente com a aprovação de um decreto que altera as regras para a escolha de dirigentes universitários, colocando-a «nas mãos do governo, o que fere directamente a autonomia e a democracia universitária».
As três estruturas relacionam ainda a demissão do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) com a vontade do governo em aceder a informações restritas relativas a estudantes para prejudicar os líderes e as organizações que têm «lutado com firmeza para defender a educação».

Greve geral a crescer

Entretanto, cresce a mobilização para a greve geral do próximo dia 14, convocada pelas várias centrais sindicais (entre as quais a CUT e a CTB), pela Frente Brasil Popular e pela frente Povo sem Medo e apoiada pelas organizações estudantis. No folheto de apelo à greve, em distribuição em todo o país, acusa-se a «perversa reforma da Previdência, de Bolsonaro», de pretender «acabar com a aposentadoria».
Da proposta do governo consta o aumento da idade da reforma e a redução do seu valor, a privatização dos descontos dos trabalhadores e, ainda, cortes substanciais nas pensões devidas a viúvos e órfãos por morte de cônjuges ou pais. De fora ficam os militares e suas famílias, o que leva os promotores da paralisação a afirmar que a dita reforma «não combate privilégios».
Reunida anteontem, dia 3, a Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) acusa o governo de Bolsonaro de, com esta reforma, querer «meter a mão no bolso do povo», ao pretender transferir «um trilhão de reais dos trabalhadores para os banqueiros». Os comunistas valorizam a «unidade de dez centrais na condução dessa greve», destacando que a «união da classe trabalhadora é a condição primordial ao enfrentamento dessa ofensiva contra seus direitos». A realidade do país, porém, tenderá a «transformar o 14 de Junho numa data de protestos do conjunto do povo».

 



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