PCP



Centenas de intelectuais participam
no lançamento do
Caderno Vermelho nº 4


Centenas de intelectuais participaram no recente lançamento do número 4 da Revista Caderno Vermelho dirigida por Manuel Gusmão, iniciativa que decorreu no Vitória Espaço Cultural, no Centro de Trabalho Vitória do PCP, em Lisboa. A sessão foi conduzida por Vítor Serrão, Helena Serôdio, Helena Medina, Sandra Monteiro, Rui Pereira e Manuel Gusmão, todos membros do Conselho de Redacção da Revista. A segunda parte da sessão de lançamento foi preenchida pela música de Telleman e Mozart, com peças interpretadas por solistas da Sinfonia B. 980

Na sua intervenção, Manuel Gusmão afirmou a dado passo:

«Vivemos hoje uma intensa propaganda do capitalismo, apresentado como estádio superior e último, ou mesmo como o modo finalmente "natural" e "mais racional" de organização das sociedades humanas. Mas muita coisa vem mexendo, nos últimos tempos. Contra o pano de fundo dessa propaganda que, na sua forma dominante, é a propaganda do neo-liberalismo, mais ou menos expressamente assumido, multiplicam-se e diversificam-se os sintomas de um grande mal estar, que é ainda em larga medida latente, mas que também se manifesta crescentemente. Manifesta-se, positivamente, na luta crescente de largos sectores sociais e, negativamente, em explosões de irracionalismo violento. Manifesta-se tornando-se também explícito, no planop das ideias, da opinião, da ideologia.».

Contradizendo a tese do «fim dos intelectuais», Manuel Gusmão sublinhou a importância da intervenção dos intelectuais na criação, na teorização, na formação e na intermediação de valores e na batalha das ideias conjugada com uma tendência para o seu grande crescimento numérico, rejuvenescimento e crescente assalariamento. E inseriu o Caderno Vermelho, de responsabilidade do Sector Intelectual de Lisboa do PCP (que, no espaço de pouco mais de um ano, já editou cinco números, num total de 8000 exemplares, e adquiriu autonomia financeira), no esforço de intervenção dos intelectuais comunistas de Lisboa na batalha das ideias e na intervenção e luta política concretas.

Rui Pereira, responsável pelo design da Revista (que tem reconhecidos aspectos inovadores e marcantes em relação ao próprio conteúdo), desenvolveu a ideia de se «tomar partido com o rasgar de um traço...», explicando que, no Caderno Vermelho, se apostou numa publicação-projecto editorial com uma personalidade gráfica e imagem consistente, numa revista política com dimensão cultural e criativa.

«A imagem pode acrescentar de facto algo de novo... e surgir como algo de imprevisto, pouco importa se esta é estruturada, simples ou elaborada. O essencial é a comunicação... A imagem funciona como intermediário do texto e também como um complemento ao próprio texto - assumindo mesmo um valor de significante. Neste caso, o ponto de partida para a criação plástica é a palavra escrita, o ponto de chegada é o leitor».

Em suma: «É tomar partido com o rasgar de um traço...»

O Caderno Vermelho nº 4 contém os seguintes artigos: Editorial: «Um certo mal estar contemporâneo»; «Cultura e Mudança - Algumas notas sobre cultura e intervenção cultural» (Manuel Gusmão); «Os comunistas e a Arte no Século XX» (Maria Helena Serôdio); «Problemas e Prioridades da Gestão Cultural» (Vítor Serrão); «Teatro e Educação - Habilitações e Competências» (Natália Vieira); «Educação e Paixões Perversas» (Manuela Esteves); «Ensino Superior: 8 orientações para uma nova política»; «Financiamento do Ensino Superior»; «Ciberespaço e Sociedade de Informação» (Francisco Silva); «A Depreciação do Trabalho na Europa - Reflexões sobre um tema proposto» (Sérgio Ribeiro); «O 1º de Maio» (Maria Helena Serôdio); «A Igreja Ama a Mulher?» (Graça Mexia); «Discurso P en Conferencia de las Naciones Unidas sobre Asentamientos Humanos, en Estambul» (Fidel Castro); «Carta de Berlim» (Daniel Libeskind); «Verbos de Lisboa Nº 3: IN Concluir» (Filipe Diniz); «Testemunho-Vertical-A-Caminho-Do-Manifesto-Panfletário» (Pedro Sena Nunes); «Por uma Fotografia Pobre - O lugar comum da fotografia» (Fernando Guerreiro); «Terra» - Fotos de Sebastião Salgado.