Angola
ONU
decreta sanções à UNITA
O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade na
semana passada um conjunto de sanções à UNITA que entrarão em
vigor no próximo dia 30, excepto se aquele orgão «decida, com
base num relatório a fazer pelo secretário-geral, que a UNITA
deu passos concretos e irreversíveis para cumprir todas as suas
obrigações» acordadas em Lusaca.
As sanções incluem a proibição de entrada e trânsito em
países membros das Nações Unidas aos principais dirigentes
daquele partido angolano e respectivas famílias, exceptuando as
viagens necessárias para o funcionamento do Governo, da
Assembleia Nacional e da Comissão Conjunta.
De acordo com informações da agência noticiosa Lusa, o
documento estabelece também o encerramento imediato e total das
delegações da UNITA no estrangeiro e a proibição de
concessão de autorização para descolagem, aterragem ou
sobrevoo de qualquer avião que não figure na lista fornecida
pelo Governo. Estas medidas não são aplicáveis em casos de
emergência médica ou voos que transportem alimentos,
medicamentos ou abastecimentos essenciais, autorizados
previamente pelo Comité de Sanções.
Os 15 membros do Conselho de Segurança exigem também a
desmilitarização das forças da UNITA, a transformação da
Rádio Vorgan numa emissora não partidária e a «ccoperação
total» no «processo de normalização da administração do
Estado».
Para além disso, o movimento de Jonas Savimbi deve «fornecer de
imediato à Comissão Conjunta informações completas e
exactas» sobre a «dimensão de todo o pessoal armado sob o seu
controlo». Isto inclui não só «o destacamento de segurança
do líder da UNITA, a chamada polícia mineira», mas também
«outro pessoal armado de regresso do exterior das fronteiras
nacionais e qualquer outro pessoal armado ainda não referenciado
às Nações Unidas». Estes homens serão desarmados e
demobilizados.
A ONU apela à realização de um encontro entre o presidente de
Angola, José Eduardo dos Santos, e Jonas Savimbi em solo
angolano (desmarcado por diversas vezes), considerando que essa
iniciativa «pode contribuir para a redução das tensões, para
o processo de reconciliação nacional e para o cumprimento dos
objectivos do processo de paz no seu todo».
Todos os países e organizações internacionais devem impedir
viagens dos seus funcionários ou de delegações oficiais à
sede central da UNITA, com excepção das deslocações
destinadas a promover o processo de paz e a assistência
humanitária.
O Conselho de Segurança, além de referir
a possibilidade de considerar futuras restrições comerciais e
financeiras, decidiu também manter em Angola 2650 capacetes
azuis até ao fim do mês de Outubro. A continuação ou não da
missão depende da situação no país.
«A situação em Angola constitui uma ameaça para a paz
internacional e a segurança na região», afirmam os
subscritores do documento, exigindo tanto ao Governo como à
UNITA que «se abestenham de quaisquer acções que possam levar
ao reatamento das hostilidades».
UNITA criticada
A UNITA perde apoios de dia para
dia, inclusivamente no seu interior. O ex-secretário-geral do
partido general Eugénio António Ngolo Manuvakola fugiu do
Bailundo para Luanda, com toda a sua família, tendo pedido
protecção às autoridades governamentais na cidade do Huambo.
Em declarações aos jornalistas, afirmou ter iniciado esta fuga
para «corrigir os maus métodos de direcção impostos,
actualmente, por Jonas Savimbi». Eugénio Manuvakola, que após
assinar o Protocolo de Lusaca pela UNITA em Novembro de 1994 foi
substituido no seu cargo sem nenhuma explicação, conta que foi
preso em mais tarde colocado sobre residência vigiada por ordem
de Savimbi. As razões passam pela forma como os acordos de paz
foram assinados, contrárias, nas palavras de Manuvakola, às
intenções do líder da UNITA.
O general acrescentou que diversos dirigentes da UNITA pretendem
abandonar Jonas Savimbi de forma a o obrigarem a alterar a
gestão do partido.
O governo adianta que é muito comum a chegada de civis e
militares provenientes de zonas sob o controlo da UNITA que
requerem protecção.
Entretanto, no domingo, Eduardo dos Santos acusou a UNITA de
impedir a actividade produtiva e a livre circulação de pessoas
e bens, bem como de adiar «sem fundamento as acções liagadas
ao processo de paz».
«O governo angolano sempre manteve e mantém ainda hoje aberta a
porta do diálogo e continuará a fazer tudo o que esteja ao seu
alcance sem trair os princípios fundamentais para criar um clima
de confiança necessário à superação dos conflitos do passdo
e das divergências actuais», afirmou o presidente angolano.