Somos jovens e vimos dizer-te
O
MUNDO TRANSFORMA-SE E A VIDA MUDA
O relembrar de histórias, percursos, factos de uma vida,
é uma forma também de assinalar aniversários, (re)pensando
caminhos percorridos.
Num momento em que a JCP comemora, por todo país, a sua
criação, há 18 anos, aqui alinhamos alguns dados, momentos da
vida da organização dos jovens comunistas.
Dados que, mesmo numa muito rápida e superficial abordagem, reflectem, quer uma evolução de preocupações e lutas em função da mudança das realidades sociais e políticas, quer uma interligação entre actividades que se desdobram em várias áreas. Com algumas preocupações centrais - intervenção e luta, reforço da organização, empenhamento também no plano internacional e de solidariedade.
"Por Portugal de
Abril, no trabalho na escola e na vida", é o lema do
Encontro Nacional em que nasce a Juventude Comunista Portuguesa,
em 1979. Um encontro que reuniu delegados da União da Juventude
Comunista (UJC) e União dos Estudantes Comunistas e levou à
fusão das duas organizações.
O Manifesto à juventude, então divulgado, traduzia
simultaneamente o empenhamento na luta dos jovens comunistas e,
naturalmente, a realidade histórica da altura. Uma ligação que
percorre a vida e acção da JCP. Com um fundo sempre comum - bem
presente neste primeiro manifesto - somos jovens e vimos
dizer-te que o mundo se transforma e a vida muda. Que a luta, a
unidade, removem barreiras que há partida muitos dizem
intransponíveis.
Esta a linha que irá percorrer o desdobrar das diversas - e
interligadas - frentes da actividade da JCP, ao ritmo da
história do nosso país.
Quando do primeiro
Congresso, em Maio de 1980, a Carta à Juventude referia,
quer preocupações bem actuais, como o desemprego,
discriminações salariais, os problemas no ensino e saúde, a
"cultura ser mercadoria", quer a "fúria
destruidora da Reforma Agrária", que então se vivia, e que
na verdade levou à sua prática liquidação.
Em 1986, enquanto se preparava o encontro nacional sobre o ensino
secundário, as prioridades da JCP aliavam, a questões como o
desemprego, a necessidade de dignificação do ensino, o direito
à saúde, exigências de efectivo apoio aos jovens agricultores,
a defesa do ambiente e da paz.
Vivia-se então uma fase de iniciativas múltiplas pela paz e de solidariedade, com destaque para o festival "Amar o Tejo, Viver a Paz" e o XIII Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.
O Manifesto lançado em 1996 - "Vivemos a transformar a vida" - em que se defende uma "atitude transformadora", é o reafirmar das ideias iniciais, numa situação bem diversa, quer no plano nacional, quer internacional. Uma luta que se desenvolve de par de muitas outras e para a qual se apela à participação dos jovens, numa acção revolucionária denunciadora da incapacidade de soluções do sistema capitalista.
Por uma educação de qualidade
Pelo direito ao trabalho
Uma educação de qualidade
para todos e os direitos dos jovens trabalhadores - são
exigências sempre presentes na luta e nas iniciativas promovidas
pela juventude comunista.
À denúncia de uma política educativa degradante ao longo dos
anos 80, viriam suceder-se manifestações de massas , em
particular contra o sistema de numerus clausus e contra as
propinas.
Em Outubro de 1986, o Encontro Nacional do Ensino Secundário
sublinha a necessidade de se pôr termo à "superlotação
das escolas, à falta de equipamento escolar, ao alto custo do
ensino, à ausência de um apoio social escolar justo, a um 12º
ano desnecessário e selectivo, à falta de professores e pessoal
auxiliar e à esxtensão exagerada dos programas". Problemas
que, no fundamental, se mantêm.
Em Fevereiro de 1992, a JCP propõe um amplo debate nacional
sobre o acesso ao ensino superior. Ganha entretanto particular
expressão e força a luta contra o aumento das propinas. O Dia
Nacional do Estudante de 1994 é assinalado com acções de
protesto e luta por todo o país, contra a política educativa do
governo, por uma reforma do sistema educativo.
Em 1996, desenvolve-se a Campanha da JCP, por uma
Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, em que
nomeadamente se defende a eliminação gradual do numerus
clausus , atribuição das necessárias capacidades ao ensino
técnico e superior, avaliação e melhoria das formações,
gratuitidade de todos os graus de ensino. A "paixão"
do PS pela educação não o tinha chegado a ser.
O direito ao trabalho surge como a grande reivindicação dos jovens trabalhadores.
Em 1981, numa iniciativa
conjunta com a Federação Mundial da Juventude Democrática
(FNJD), realiza-se em Portugal o seminário internacional "A
Juventude pelo Direito ao Trabalho". Os números do
desemprego tinham então disparado (na OCDE - 7 milhões de
desempregados em 1973 e 25 milhões em 1980).
Hoje, esta reivindicação mantém toda a sua actualidade. Em
1994, na Festa do "Avante!", a juventude comunista
lança a campanha "Sem emprego nada feito" e põe o
dedo numa ferida particularmente sensível - o trabalho infantil,
"mais um sintoma da sociedade desequilibrada e injusta em
que vivemos - um oásis para os exploradores e
oportunistas".
Paz, solidariedade, convívio e festa
O Festival
"Dêem uma oportunidade à paz", realizado em
Julho de 1983, e que juntou em Troia, ao longo de uma semana de
animação e convívio, milhares de jovens de todos os pontos do
país, surge como um dos momentos significativos de jornadas
unitáras pela paz, em que a JCP teve decisiva participação.
Um projecto que se inseriu em todo um conjunto de iniciativas de
convívio e amizade, dos festivais de canção juvenil aos
acampamentos "pela paz e a amizade", passando pelo
festival "Amar o Tejo Viver a Paz", que mobilizaram
milhares de jovens na área de Lisboa.
Encontros juvenis muitas vezes articulados com acções de
solidariedade, com destaque, de par de Cuba, das iniciativas de
apoio à luta e divulgação da situação em Timor Leste.
Na Festa do "Avante!" de 1995, a JCP coloca
Timor na Rede ,
criando na Internet uma home page bilingue dedicada à
situação do povo maubere. Uma iniciativa que se vem somar a
múltiplas outras formas de solidariedade.