Alemanha
Liberais propõem
redução de impostos
Os principais partidos alemães preparam as baterias para as eleições de Setembro. Depois do recente congresso extraordinário do SPD, em que os sociais-democratas elegeram como prioridade da sua acção o combate ao desemprego, chegou agora a vez dos liberais do FDP virem a público com propostas de redução drástica dos impostos.
A proposta, apresentada de surpresa no domingo, durante o congresso do
partido realizado em Berlim, visa antes do mais captar as simpatias do eleitorado de forma
a tentar evitar o que parece cada vez mais inevitável: o desaparecimento do FDP da cena
política alemã se não conseguir alcançar o mínimo legal de cinco por centos dos votos
para se fazer representar no parlamento federal. Apenas a uma semana das eleições
regionais na Saxónia-Anhalt (ex-RDA), o mais pequeno dos três partidos do governo de
Helmut Kohl aparece nas sondagens com quatro por cento dos votos.
As medidas anunciadas, vivamente discutidas pelos 660 delegados ao congresso, prevêem uma
redução da carga fiscal em cerca de um terço para todos os contribuintes. Para os
rendimentos superiores a 60.000 marcos anuais, os impostos baixariam de 53 por cento para
35 por cento, enquanto os rendimentos inferiores a 13.000 marcos passariam a estar
isentos. A ser levado à prática, este programa de reformas devolveria aos alemães
qualquer coisa como 30.000 milhões de marcos, mas ninguém parece acreditar em tal
hipótese.
De facto, apesar de incluir a coligação governamental, o FDP não conta com o apoio nem
da União Cristã Democrática (CDU), nem da União Social Cristã da Baviera (CSU) nesta
matéria.
O FDP tomou ainda outra decisão polémica: a abolição da «taxa de solidariedade» com
o território da ex-RDA, que incide sobre 7,5 por cento dos rendimentos.
Críticas à esquerda e à direita
O secretário-geral do FDP, Wolfgang Gerhardt, aproveitou o congresso
para criticar duramente o SPD e Os Verdes, mas também o seu principal parceiro da
coligação de centro-direita, a CDU.
Recusando a ideia de uma reedição da coligação com os sociais-democratas, como a que
chegou a existir entre 1974 e 1982, no governo de Helmut Schmidt, Gerhardt não deixou de
afirmar as suas divergências em relação à CDU de Helmut Kohl, sobretudo nas sensíveis
questões fiscais e das reformas económicas.
Entre os bombos da festa contam-se o candidato do SPD a chanceler, Gerhard Schroeder, bem
como o secretário-geral do mesmo partido, Oskar Lafontaine, acusados de se contradizerem
nas suas afirmações sobre política económica.
Segundo o presidente honorário do FDP e ex-ministro da economia, Otto Graf Lambsdorff,
Schroeder «está disposto a tudo e não é capaz de fazer nada, e Lafontaine não é
capaz de fazer nada e está disposto a tudo».
Quanto a Os Verdes, potenciais aliados do SPD num eventual futuro governo de esquerda em
Bona, Gerhardt afirmou que são um partido que não é aceite a nível internacional, «e
por isso também não podem governar o país».
Os Verdes, recorde-se, divulgaram também no domingo o seu polémico programa eleitoral,
em que defendem, entre outras coisas, um aumento do preço do litro da gasolina para cinco
marcos (cerca de 500 escudos) e a saída da NATO.
Rexrodt aproveitou para agitar a ameaça de que, se Os Verdes governarem, «vão tributar
constantemente os cidadãos, para concretizarem as suas utopias ecológicas».