Cuba
Fidel critica EUA


Os Estados Unidos «são culpados por acção ou por omissão» de acções terroristas contra Cuba, acusou no domingo o presidente cubano, Fidel Castro, ao discursar nas comemorações do «Dia da Rebeldia Nacional», no 45º aniversário do ataque ao Quartel de Moncada.

Segundo fidel Castro, os serviços de espionagem dos Estados Unidos, em colaboração com organizações anticastristas, fizeram explodir um avião cubano nos Barbados em 1976, colocaram bombas no ano passado em hotéis da ilha com o objectivo de sabotar o turismo e atentar contra a economia cubana, e tentaram assassiná-lo várias vezes.
O líder cubano fez no entanto questão de sublinhar que não culpa «destes actos a actual administração dos Estados Unidos».

Na mira das críticas de Fidel esteve a Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), a principal organização anticastrista sedeada em Miami, classificada de «instituição terrorista».
«A FNCA financiou planos terroristas contra Cuba», denunciou Fidel Castro, garantindo que Jorge Mas Canosa, falecido em 1997, «foi um dos líderes das acções terroristas».
«Clinton foi miseravelmente enganado, apresentaram-lhe uma fundação supostamente pacífica quando se tratava de uma fundação terrorista» disse, manifestando a esperança de que «as autoridades norte-americanas tomem as medidas apropriadas para pôr fim a este tipo de actividade».
Fidel Castro informou, entretanto, que se deslocará em Outubro a Portugal para participar na cimeira ibero-americana.
«Uma mensagem», ironizou, para os que pretendem assassiná-lo.
«Todos esses grupos facínoras se consideram com o direito de organizar uma caçada cada vez que saio deste país» declarou Fidel, acusando os serviços de espionagem dos Estados Unidos, em colaboração com organizações anticastristas, de pretenderem assassiná-lo.
«Creio que ostento o duvidosamente estimulante recorde de ter sido alvo de mais planos de atentados que algum outro político em qualquer país ou época», afirmou Fidel Castro.

Apesar desta realidade, Cuba está disposta a cooperar com Washington na luta contra o terrorismo e o tráfico de droga, como lembrou o presidente cubano: «A nossa cooperação seria útil (...) mas os Estados Unidos não aceitaram a oferta por soberba e arrogância».


«Avante!» Nº 1287 - 30.Julho.1998