Regionalização
Campanha
pelo sim
acelera no Algarve
«O Movimento Sim pela Regionalização - Sim ao Algarve considera ser a Regionalização a Reforma Administrativa que no final do século, consolidando a nossa democracia, irá simultaneamente preparar Portugal para os desafios que se avizinham.»
Assim começa o manifesto da Comissão Executiva deste novo Movimento pelo sim, apresentado numa concorrida conferência de imprensa, na passada semana, significativamente realizada na freguesia de Querença, no interior algarvio.
Constituído a
partir da iniciativa de uma associação cultural - o Ciclo
Teixeira Gomes - o «Movimento Sim pela Regionalização - sim ao
Algarve» ganhou rapidamente a adesão dos meios políticos,
culturais, sindicais e empresariais mais representativos da
região algarvia.
Em relação aos meios políticos, cite-se que, sendo embora um
movimento de cidadãos, em si mesmo apartidário, conta entre os
seus mandatários com conhecidos comunistas como Carlos Brito,
Margarida Tengarrinha, Alfredo Graça e Carlos Leal, deputados e
autarcas socialistas como Filipe Madeira, Paulo Neves, Joaquim
Vairinhos e Carlos Tuta, figuras do PSD como Macário Correia,
Cristóvão Norte e Eliderico Viegas, além de numerosos
independentes como o primeiro reitor da Universidade do Algarve,
Prof. Gomes Guerreiro, o antigo govenador civil, Manuel Ramires
Fernandes, e o presidente do Farense, António Boronha.
Esta rara abrangência testemunha a grande consensualidade que a
questão da Regionalização alcançou no Algarve depois de
muitos anos de intenso debate político. Isto explica também
porque é que a grande cambalhota da liderança do PSD a nível
nacional tem, apesar de tudo, efeitos limitados no plano
regional.
O resultado desse debate intenso está também patente na maturidade das formulações do Manifesto agora apresentado, tanto quando defende a regionalização como um imperativo para o reforço da coesão nacional, como quando salienta a sua importância para atenuar as assimetrias entre regiões e as desigualdades de desenvolvimento dentro de cada região.
Neste aspecto é clamoroso o que acontece no Algarve «entre uma faixa litoral que, mercê do factor turismo, apresenta hoje níveis de vida aceitáveis e um imenso interior subdesenvolvido e em que todos os índices económicos e sociais estão muito abaixo do limiar mínimo e a tornam numa das zonas mais deprimidas de todo o País.»
É também com toda a clareza que o Manifesto coloca a principal reivindicação das regiões no quadro da Regionalização: «O Algarve, Região onde (...) desde sempre se fez sentir uma aspiração fortemente regionalista que, sem quebra da unidade nacional e do verdadeiro interesse do todo português, permita uma descentralização administrativa que termine com a excessiva subordinação ao Terreiro do Paço sobre questões que interessam aos Algarves.»
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Convocação
do referendo
assinada pelo PR
O decreto a convocar o referendo à regionalização do Continente para o dia 8 de Novembro foi assinado quarta-feira por Jorge Sampaio, devendo ser publicado no «Diário da República» até 5 de Setembro, segundo referiu à Agência Lusa uma fonte da Presidência da República.
A data da realização do referendo tem de situar-se entre o 60º e o 90º dias a contar da publicação do decreto.
Os partidos políticos e os grupos de cidadãos eleitores (constituídos com um mínimo de cinco mil assinaturas) têm até 15 dias, a contar da data de publicação do decreto, para declarar à Comissão Nacional de Eleições a sua participação na campanha oficial do referendo.
O período oficial da campanha vai decorrer entre 26 Outubro e 6 de Novembro.
No decreto presidencial são chamados a pronunciar-se no referendo à regionalização todos os cidadãos eleitores recenseados no território nacional. Os portugueses vão ser chamados a responder «sim» ou «não» a duas perguntas: «Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?» e «Concorda com a instituição em concreto da região administrativa da sua área de recenseamento eleitoral?».