Reforma da PAC
Organizações da lavoura
exigem veto português


A Confederação Nacional da Agricultura não se conforma com o acordo base saído da reunião dos ministros da agricultura da União Europeia, em 10 e 11 de Março, e insiste no veto de Portugal.

Segundo a CNA, este acordo provocará a ruína das explorações agrícolas de base familiar e levará ao desaparecimento de outros sectores sócio-económicos. O desemprego aumentará e com o êxodo das populações rurais crescerão os problemas nas cidades.
Entre os resultados mais graves da negociação, a CNA refere a baixa de preços em 15 por cento no leite e 20 por cento nos cereais e na carne de bovino. São prejuízos que não são compensados pelo aumento das ajudas já que, para uma baixa de nove escudos por litro de leite, apenas está prevista um subsídio de 3$50; no cereais, para uma baixa de 4$80 por quilo, é dada uma compensação de 2$40 e para a carne de bovino, que baixa 20 por cento, foi criado um prémio por abate e melhorado o prémio para o aumento área de forragem, medida esta que, considera a CNA, apenas beneficia as grandes áreas e grandes manadas.
E se o aumento de novos direitos de plantações de vinha é uma medida positiva, a verdade é que continua a ser possível enriquecer o vinho a traves da adição de sacarose e, embora com algumas se reservas, abriu-se a porta à importação e vinificação de mostos de países estranhos à União Europeia.
Entre outros efeitos negativos, a CNA salienta ainda que caíram as quotas do trigo duro e do tomate e o aumento da área irrigada teve como contrapartida a diminuição do sequeiro.
Refira-se ainda que as verbas para o desenvolvimento rural não foram reforçadas, tendo desaparecido as indemnizações compensatórias por animal que foram substituídas por superfície, o que prejudica em particular.
A CNA a afirma que Portugal foi o país mais prejudicado, uma vez que a Espanha e Itália conseguiram aumentar as culturas aráveis, como os cereais, em 9,2 milhões de hectares, no primeiro caso, e 5,8, no segundo. Também as quotas do leite foram aumentadas 70 mil toneladas para a Grécia; 150 mil toneladas para a Irlanda, 550 mil toneladas para a Espanha e 600 mil toneladas para a Itália.
Outras organizações da lavoura tem vindo a condenar a Política Agrícola Comum, nomeadamente a Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal, a organização de Produtores Hortofruticultores Unidos da Península de Setúbal, a Cooperativa Agrícola do Pinhal Novo, a Central Coop e Associação dos Agricultores do Porto.


«Avante!» Nº 1321 - 25.Março.1999