Determinação
na base da vitória
Luta
dos enfermeiros trava despedimentos
Os despedimentos de enfermeiros que se iriam verificar até ao final do ano, por término dos contratos a termo certo destes profissionais, foram adiados devido ao prorrogamento dos contratos até Abril de 2000.
A medida surgiu
após o Ministério da Saúde ter aceite a proposta do Sindicato
dos Enfermeiros Portugueses (SEP) para que o período de dois
anos durante o qual os contratos de seis meses são renováveis
seja contado a partir da publicação do decreto-lei 53/98, de 11
de Março, que veio alterar os moldes de admissão dos
enfermeiros nas instituições de Saúde.
Em resultado daquela prorrogação, considerada uma vitória
resultante do «empenhamento e solidariedade de todos os
enfermeiros», no entender do Direcção Regional do Porto do
SEP, foi suspensa a greve que estava prevista para o passado dia
12 no Hospital de S. João.
De acordo com o SEP, os despedimentos de profissionais, que se
estavam já a verificar em várias instituições do país, era
motivado por «diferentes interpretações jurídicas em torno
deste documento», uma vez que as administrações hospitalares
contavam o tempo total dos contratos desde o período anterior à
publicação da legislação e não desde Março do ano passado.
Por outro lado, no que toca a uma maior segurança laboral, o
descongelamento recente de 3.675 vagas para admissão de pessoal
de enfermagem à função pública, vai permitir, segundo
declarações à Lusa de Guadalupe Simões, dirigente do SEP, «a
passagem dos cerca de 2.000 enfermeiros com contrato a termo
certo a contrato administrativo de provimento».
Embora se congratule com o número de vagas agora aberto, que
«vai também permitir a admissão em contrato administrativo de
provimento dos estudantes de enfermagem que optem por ingressar
no mercado de trabalho e não pela realização da
licenciatura», Guadalupe Simões considera que o ideal seria que
esta modalidade de admissão não estivesse dependente do
descongelamento anual de quotas.
Criticando a existência de «falta de vontade política» para
se avançar nessa direcção, a dirigente sindical censura o
facto de, nos moldes actuais, as quotas funcionarem apenas como
«uma barreira que permite ao Ministério das Finanças não
admitir funcionários públicos para além do orçamentado, o que
não devia acontecer num sector como a Saúde».
O Sindicato entende ainda que, face à carência de enfermeiros
nas instituições portuguesas, «não faz sentido que todos os
anos se proceda ao descongelamento de quotas, quando o número de
profissionais que sai das escolas todos os anos - cerca de 1.000
- não é suficiente para as ocupar, apesar de serem absorvidos
imediatamente».
Em face disto e para acabar «com medidas avulso», conforme
salienta em comunicado, o SEP defende a necessidade de ser
definido «um plano de emprego para o futuro, com planeamento do
número de vagas para admissão de alunos nas Escolas Superiores
de Enfermagem de acordo com as necessidades nacionais», bem como
uma «decisão política sobre um novo processo de admissão na
função pública, que elimine a precariedade e estabilize o
sector».
Além destes pontos, Guadalupe Simões destaca a necessidade de
se avançar rapidamente para a definição das condições de
risco e penosidade na carreira de enfermagem - uma matéria que
continua ainda em discussão entre o SEP e o Ministério da
Saúde.
«O ministro adjunto e da Administração Interna assumiu,
perante o SEP, o compromisso de que esta matéria seria resolvida
ainda durante esta legislatura», salienta a sindicalista, que
deixa o alerta: «caso isso não suceda, os enfermeiros poderão
considerar a hipótese de realizar uma greve em Setembro».