Mortalidade infantil duplica no Iraque


A Unicef publicou um estudo que revela que a mortalidade infantil aumentou mais do dobro no Iraque depois da implantação do embargo. Em 1991, morriam 56 em cada mil crianças e actualmente a taxa é de 131 em cada mil.

Nas palavras da directora da Unicef, trata-se de uma situação de «emergência humanitária» e, embora o embargo não seja totalmente responsável pelos dias que se vivem no Iraque, «o povo iraquiano não sofreria as actuais privações, se não existissem as prolongadas medidas impostas pelo Conselho de Segurança», sublinhou Carol Bellamy, na semana passada.
«As sanções devem ser pensadas e postas em prática de forma a evitar um impacto negativo nas crianças», defendeu Bellamy, que referiu que não se pode pensar que o programa Petróleo por Alimentos «resolva todos os problemas».
A Unicef explica que o Governo iraquiano agravou o problema de diversas formas, nomeadamente incentivando o uso de biberões em substituição do leite materno, e advertiu a comunidade internacional de que deve reconsiderar o embargo e aprovar fundos para programas humanitários.
Um dia depois da publicação do relatório, os EUA anunciaram que iriam doar um milhão de dólares destinados a um programa de reabilitações dos hospitais iraquianos. Bagdad recusou. «Se a administração norte-americana está tão preocupada com o destino das crianças, porque insiste em matar mensalmente pelo menos 6 mil?», questiona o jornal «As Saoura», órgão do Partido Baas, no poder.
O Programa Petróleo por Alimentos permite ao Iraque vender petróleo no valor de um milhão de contos, em cada semestre. Com esse valor pode comprar comida e medicamentos.


«Avante!» Nº 1342 - 19.Agosto.1999