Venezuela
Assembleia
decreta reorganização nacional
A Assembleia Nacional Constituinte, na sua sessão de sexta-feira, reconheceu a «grave crise» que abala a Venezuela e decretou «todas as medidas necessárias para enfrentar situações específicas da reorganização com a intervenção, alteração ou suspensão dos órgãos do poder público que considere necessárias».
«O propósito desta
lei é recuperar o Estado de Direito, a estabilidade e a ordem
necessárias para reconstruir a república no âmbito dos valores
democráticos», afirmou o vice-presidente da Assembleia, citado
pela Lusa.
O decreto aprovado considera que a «crise política, económica,
moral e institucional» levou ao «colapso» os órgãos
públicos do poder político e «mantém a maioria da população
num inaceitável estado de empobrecimento, com o qual se violam
os mais elementares direitos humanos».
O documento sublinha que a crise institucional tem um carácter
«estrutural», que influencia de uma forma determinante a sua
capacidade de superar as crises.
Na terça-feira, a Assembleia começou a emitir decretos
específicos com o objectivo de intervir nas áreas corruptas. Um
dos primeiros casos a ser tratado é o da Confederação de
Trabalhadores da Venezuela (CTV), organização que agrupa 3 mil
sindicatos, um pilar do regime dos últimos 40 anos, acusada de
corrupção e de dissipar a riqueza nacional.
Está a ser estudada uma proposta que prevê a dissolução da
CTV, a proibição dos dirigentes de abandonar o país e a
entrega dos bens e recursos da organização à responsabilidade
da Assembleia. A medida não agradou à direcção da
confederação, que não tardou a reagir, decretando a
mobilização geral de todos os filiados.
«Quem garantirá a defesa dos trabalhadores enquanto dura a
emergência?», perguntaram a Nicolás Maduro, um defensor do
projecto. Este não hesitou em responder: «A política laboral
de um Governo que chegou para fazer respeitar os direitos dos
trabalhadores. Não vai haver vazio, antes se vai preencher o
vazio deixado pela corrupção sindical.»