Ulster
Confrontos ensombram aniversário de Omagh


Um ano depois do atentado de Omagh, perpetrado pelo Ira Real, a Irlanda do Norte manifestou o seu respeito às 29 vítimas mortais do ataque bombista e aos seus familiares. No domingo, durante um minuto, tudo ficou em silêncio nas casas, nas ruas e nas lojas.

Numerosas pessoas juntaram-se na praça erigida à memória das vítimas. A ministra britânica para a Irlanda do Norte, Mo Mowlan, e a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Liz O’Donnell, acompanharam as famílias enlutadas e vários dos 350 feridos do atentado participaram numa missa campal de «lembrança e reconciliação».
Contudo, o espírito que presidiu às iniciativas que assinalaram o primeiro aniversário do mais violento ataque no Ulster não foi seguido nas ruas de Londonderry, Belfast e Lurgan. Nestas cidades, os confrontos entre grupos católicos nacionalistas e a polícia marcaram violentamente o fim-de-semana.
O motivo repete-se há alguns anos: o desfile da marcha protestante dos «Jovens Aprendizes». Esta ordem comemora o seu contributo na Batalha de Boyne, em 1688, na qual Guilherme de Orange (mais tarde Guilherme II da Inglaterra e Escócia) derrotou o rei católico Jaime II.
Os católicos - que constituem a maioria da população - não concordam com a realização dos desfiles e fizeram questão de o mostrar, protestando e tentando impedi-la. Quando as forças de segurança obrigaram os manifestantes a dispersar, os confrontos não se fizeram esperar. Entre a polícia contam-se 27 feridos, 19 em Belfast e oito em Londonderry. O número de populares feridos é desconhecido.
Durante a noite, os protestos alastraram por Londonderry. Uma dezena de automóveis e três agências bancárias foram incendiadas e várias lojas pilhadas. Segundo a polícia, foram atirados 250 «cocktails Molotov».
Martin McGuiness, dirigente do Sinn Fein, criticou os actos violentos e os desfiles, mas não deixou de referir que «manter a paz rodeados de polícias é difícil». Por seu lado, Chris Flood, membro do Governo irlandês, afirmou que os agentes de segurança não souberam manter a calma.


«Avante!» Nº 1342 - 19.Agosto.1999