Carlos Carvalhas no Algarve
PS e o PSD zangam-se para ocultar semelhanças


A CDU apresentou, no sábado passado, a lista completa de candidatos às eleições para a Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Algarve. O belo e antigo Castelo de Silves serviu de pano de fundo à apresentação, feita durante um jantar-festa que contou com a presença do secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas.

A lista pelo Algarve, composta por três empregados, um operário, uma estudante e oito intelectuais e com uma média de idades que ronda os 45 anos, questiona a acção desenvolvida pelos cinco deputados do PS e os três do PSD eleitos durante os últimos quatro anos de legislatura.
A verdade é que nenhuma das grandes obras de infra-estruturas avançou na região do Algarve que é, hoje, «a mais periférica do Continente e com piores acessibilidades», apesar de se tratar da região turística mais importante do país.
Entretanto a CDU, cujo projecto político é o que «está em melhores condições de responder aos desafios do novo século e do novo milénio», assume com toda a firmeza a defesa da economia e da independência nacionais e dos interesses do povo trabalhador, cujas «justas aspirações a uma vida melhor» quer ajudar a concretizar.
Para isso, precisa, porém, de contar com o voto dos algarvios e foi a esse voto que o cabeça de lista da CDU, Carlos Luís Figueira, apelou na sua intervenção.
Carlos Carvalhas, por sua vez, num breve improviso, teve oportunidade de exigir o rápido apuramento da verdade a propósito das insinuações vindas na véspera a público sobre viagens de deputados ao serviço da Assembleia da República.
«Quem não deve não teme», disse o secretário-geral do PCP, por isso «se há alguma coisa a apurar que se apure rapidamente, porque nós não temos duas caras e queremos transparência».
Carlos Carvalhas acusou ainda os Governos do PS e do PSD de tratarem demagogicamente todas as questões fundamentais e essenciais para o País, considerando que aquilo que, afinal, separa os dois partidos é apenas o poder, «porque no resto, nas questões fundamentais e essenciais, estão juntos e há sempre um adiar da resolução dos problemas para que os pequenos, a raia miúda, continuem a pagar».
Aliás, já em plena pré-campanha eleitoral, o que se vê, segundo o dirigente comunista, «é uma imensa demagogia nas medidas, no teatro político, com os insultos, as zangas e os desafios verbais, mas também nas promessas», afinal tudo para esconder as coincidências que existem entre si.
A título de exemplo, Carlos Carvalhas referiu a reforma fiscal que, sendo uma questão considerada fundamental pelo PS, quando se encontrava na oposição, continua até agora sem a «implementação das medidas necessárias».
Também no que respeita à justiça, apesar das promessas de alteração, ela permanece «morosa e cara», com processos a arrastarem-se, «num descrédito» que atinge não só a justiça como «a democracia e as instituições».
Outro exemplo citado pelo secretário-geral do PCP foi o da educação que definiu como «uma paixão do Governo do PS muito furtiva, uma paixão de praia do Algarve, em que passa mais um ano em que tantos jovens e famílias têm que atrasar as suas férias com a angústia de entrar ou não no ensino superior público».
«É uma vergonha», considerou, que jovens com média de 18 valores tenham «que se submeter a provas em Espanha para frequentarem universidades de medicina espanholas porque no país têm dificuldades em entrar, «quando se sabe que há falta de médicos em Portugal».
Enfim, segundo as previsões de Carlos Carvalhas, «as promessas vão voltar, mas tudo irá continuar na mesma».

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Uma candidatura com crédito

A lista da CDU pelo círculo eleitoral do Algarve «é composta de diferenciadas experiências e saberes» e abarca «não só os sectores profissionais mais relevantes» e uma «harmoniosa distribuição geográfica» como associa «a experiência, a tenacidade, a singular estatura humana e cívica de lutadores como Margarida Tengarrinha e Luís Catarino, à juventude de novos quadros já hoje com suficientes provas dadas», de entre os quais se destaca a «insubstituível» presença de dirigentes sindicais e representantes do mundo do trabalho.
Carlos Luís Figueira, o dirigente comunista que encabeça a lista da CDU, afirmou mesmo que ele e a sua equipa «não temem confrontos» no plano das ideias, pois, pelas provas dadas, todos têm já um «elevado crédito», unindo-os «o sentido de defender melhor o Algarve».
Quatro anos após «uma absolutíssima maioria de votos obtida pelo PS» no Algarve, esta foi das regiões «mais sacrificadas e abandonadas» do país. Logo, sublinhou, «não venham agora prometer para amanhã o que não fizeram em quatro anos!»
Denunciando, depois, as teses de responsáveis políticos do PS e do PSD que alegam que «o Algarve não tem obras porque não tem eleitores», porque «não se ganham eleições nacionais no Algarve» ou porque «não existe consciência regional», Carlos Luís Figueira afirma que estas teses não só revelam «a completa aceitação da subversão da acção governativa» como conduzem as pessoas «à passividade e à indiferença», que apenas servem a «quem nada deseja mudar».
Não há portugueses de primeira e de segunda e o país precisa de se desenvolver no seu todo, prossegue o dirigente comunista. Além disso, se a consciência regional é fraca isso deve-se à hegemonia de que o PS e o PSD «têm desfrutado no Algarve» quer em eleições gerais quer em eleições autárquicas. Ou seja, a um ciclo «que é preciso derrotar».
Para o cabeça de lista da CDU, os problemas do Algarve «não se resolvem com lobbies em negociatas de corredores» mas com «o grande lobby que significa a mobilização de uma consciência cívica mais activa da população, alicerçada em valores democráticos e transparentes» em defesa dos seus legítimos interesses». O Algarve necessita, pois, «de uma voz diferente, combativa, livre de compromissos, disposta a lutar e a congregar forças em defesa do desenvolvimento económico da região». Necessita de uma «força alternativa» que a CDU deseja ser.

 

Lista de candidatos da CDU pelo círculo de Faro

Efectivos

Suplentes


«Avante!» Nº 1342 - 19.Agosto.1999